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Nada contra profissionais da cama, mas os filhos dessa dama…
10 de Junho de 2013

Nada contra profissionais da cama, mas os filhos dessa dama…

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Por Luís Augusto Zillmer*

 

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Morar nesse país é como ter a mãe na zona. Você sabe que ela não presta e ainda assim adora essa gatona, cantava a banda Ultraje a Rigor. Não tem como contestar o teor da letra diante do mais recente episódio envolvendo o Ministério da Saúde e a propaganda “Prostituta Feliz”, patrocinada pelo Ministério da Saúde, com objetivo de conscientizá-las do uso do preservativo e cujo slogan era “eu sou feliz sendo prostituta”. 

O comercial foi suspenso semana passada após as primeiras exibições diante da reação negativa do público, que entendeu a campanha como uma valorização da profissão, e terminou com a demissão do diretor do Departamento de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) sob a alegação de que a campanha não passou pela aprovação da comunicação social do ministério. Teve ainda um pedido de desculpas do ministro à população e ao presidente da comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, Marco Feliciano.

Não que eu tenha nada contra profissionais da cama, mas são os filhos dessa dama que você sabe como chama, diz ainda a letra da banda. Como esses camaradas encomendam uma campanha, produzem o comercial, aprovam o material, veiculam e tiram do ar sob a alegação de que ninguém na comunicação social do ministério tinha visto? Cadê o planejamento de comunicação? Quem paga pelo dinheiro dos nossos impostos que foram mais uma vez jogados no lixo pela miopia de um governo que parece valorizar a prostituição e não busca educá-las para que tenham uma profissão digna?

As campanhas governamentais têm sim sua relevância de orientação e educação à população. Toda ação governamental deve visar à prestação de contas do governo à sociedade e deve ter um caráter informativo e servir como ferramenta de esclarecimento das ações e práticas de determinado governo. Nesse sentido, a comunicação pública visa transmitir informação de interesse público ao cidadão a fim de estabelecer um diálogo e uma relação entre o Estado e a sociedade. No entanto, o que se vê em prática no país é muito mais propaganda ideológica em exercício patrocinada com recursos públicos.

Mas o que me incomoda mesmo, nisso tudo, é saber que o caso da propaganda é apenas um entre tantos outros episódios de descaso com o dinheiro público e não é exclusividade de um ou de outro governo. Estamos cheios de exemplos de estradas, aeroportos, hospitais, casas, pontes, estádios e tudo mais feito sem um mínimo de planejamento, organização e preocupação com a economia dos recursos. Como diz ainda a letra do Ultraje a Rigor, “é uma coisa muito feia e é o que mais tem por aqui. E sendo nós da Pátria filhos não tem nem como fugir. Eu não vi nenhum tostão da grana toda que ela arrecadou, na certa foi parar na mão de algum maldito gigolô”

Não à toa, segundo os cálculos do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT), os brasileiros trabalharam esse ano de 1º de janeiro a 30 de maio para pagar os impostos que mantêm esse Estado paquidérmico e perdulário. Mas, pensando bem, temos orgulho de sermos as prostitutas desse país. Afinal, vendemos cinco meses de nossa força de trabalho para sustentar a gastança incontrolável de nossos filhos fanfarrões. Por isso, peço licença ao Ultraje a Rigor para encerrar com mais um trecho: “Me desculpem o palavrão, eu bem que tentei evitar, mas não achei outra definição que pudesse explicar com tanta clareza aquilo que tudo que a gente sente. A terra é uma beleza, mas o que estraga essa gente!”.

 

*Luís Augusto Zillmer Cardoso é graduado em Comunicação Social – Publicidade e Propaganda (FURB), com curso de extensão em Administração Pública (EGOVI), pós-graduado em Gestão Estratégica de Marketing (ICPG) e mestrado em Desenvolvimento Regional (FURB). Já foi repórter e editor do Jornal de Santa Catarina (RBS Jornal), assessor de comunicação de diversas empresas e por 10 anos atuou como assessor de comunicação da Câmara dos Deputados. Também é professor universitário no grupo UNIASSELVI, além de tutor no Grupo IADE e autor de palestras e treinamentos nas áreas de marketing e comunicação.

 

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