Lideranças de oito jornais, de três países diferentes,
foram entrevistadas para a obra que chega às
livrarias agora em julho
Resultado de mais de três anos de pesquisa e de entrevista com profissionais de oito jornais do Brasil, da Argentina e da Espanha, o livro “Inversão de papel: prioridade ao digital, um novo ciclo de inovação para jornais impressos” chega agora em julho às livrarias. Lançamento da editora Insular, o trabalho é de autoria do jornalista Alexandre Lenzi, doutor e mestre em Jornalismo pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). O preço sugerido do exemplar, que também pode ser comprado no site da editora (www.insular.com.br), é de R$ 49,00.
Pesquisa
Foram realizadas entrevistas em profundidade com lideranças estratégicas dos jornais espanhóis El País e El Mundo, do argentino Clarín, e dos brasileiros Folha de S. Paulo, Gazeta do Povo, O Estado de S. Paulo, O Globo e Zero Hora. De forma complementar, as mudanças no norte-americano The New York Times também são abordadas por meio de pesquisas divulgadas pela própria empresa jornalística. A obra reproduz, ainda, entrevista realizada pelo autor com o pesquisador e professor espanhol Dr. Ramón Salaverría, sobre questões como a busca por um novo modelo de negócio aplicado ao jornalismo.
O jornalismo moderno
Com um olhar ao mesmo tempo crítico e otimista para o cenário contemporâneo das redações jornalísticas modernas, o livro traz relatos e ideias que buscam ir além das queixas sobre a crise do jornalismo. O estudo aponta a priorização da produção de conteúdo informativo para plataformas digitais como um novo e necessário ciclo de inovação em empresas jornalísticas que viviam (ou ainda vivem) um fluxo de trabalho até então regrado pelo ritmo do impresso.
Trata-se do que o autor chama de “inversão de papel”, um processo que acarreta mudanças de formatos narrativos e de processos de produção, com impactos em diferentes frentes, promovendo, por exemplo, a antecipação das jornadas de trabalho e a criação de diferentes deadlines dentro do mesmo dia. “Um movimento que exige investimento em pessoal, tanto em quantidade quanto em qualidade, diante da necessidade de novos perfis profissionais e do respeito às questões trabalhistas. Com o que chamamos de inversão de papel, o jornalismo continua, mas muda a plataforma. A versão impressa permanece sendo publicada, e deve seguir assim por mais muitos anos, embora possa mudar a periodicidade. Mas a prioridade das redações convergentes já deve ser o digital”, afirma o autor.
Para Lenzi, tal inversão de papel exige uma nova forma de pensar, de produzir, de agir e de lucrar. “Não se trata necessariamente de zerar e recomeçar o processo, mas, sim, de uma atualização no sentido de um aperfeiçoamento e de ter atenção com novas demandas específicas do contexto digital. Significa estar aberto para pensar procedimentos que não sejam diretamente influenciados pelo impresso, até então um produto com horários e demandas que perdem a força ou até mesmo deixam de ser necessárias quando a plataforma final é o on-line”, acrescenta.
O livro é dividido em três capítulos
– o primeiro sobre as mudanças nos trabalhos de apuração, produção, narrativa e distribuição de conteúdo jornalístico na era da internet;
– o segundo sobre os ciclos de crises e de inovações que marcam o passado e o presente das empresas do setor;
– o terceiro com um panorama atual de grandes redações, complementado com indicações de novos caminhos.
Guia
Por fim, as conclusões são apresentadas em formato de um guia com ações para priorizar o digital, contendo 10 ideias defendidas pelo autor para aplicação prática em redações jornalísticas. De forma resumida:
1) assegurar a equiparação salarial entre funções equivalentes no ciclo impresso e no ciclo digital;
2) trabalhar em equipe, envolvendo inclusive profissionais que não fazem parte diretamente da redação;
3) promover a visão multimídia ao longo das diferentes etapas de produção, do planejamento até a distribuição;
4) investir em treinamento interno e incentivar o treinamento externo dos atuais e dos novos funcionários;
5) comprar ou desenvolver sistemas eficientes para publicação de conteúdo on-line;
6) criar um fluxo de atualização do on-line em diferentes momentos do dia, independentemente do noticiário factual;
7) ampliar a equipe para antecipar o ritmo de produção, trazendo parte dos jornalistas mais cedo para a redação;
8) cobrar pelo conteúdo, mas não por qualquer conteúdo;
9) explorar a prática da grande reportagem jornalística como espaço para inovação e experimentação de formatos; e, enfim,
10) incorporar o fluxo digital como prioridade.