O ano de 2050 pode parecer longe, mas está logo ali. O tempo com sua presteza e agilidade não perdoa os incautos e desavisados. Como já aprendi há tempos administrá-lo é essencial e, nada melhor para isto do que planejar-se.
Ferramentas para isto existem e cada vez mais atualizadas e, apesar das surpresas apresentadas, planejar é fundamental. Quando trabalhei em Brusque (2009/2012) fiz parte de um grupo, nomeado pelo prefeito, que resolveu olhar à frente e ajudar os gestores da cidade a enxergá-la com mais olhos e propor soluções que, talvez, os gestores públicos não tivessem tempo para pensar ou visão para entender. Assim, criou-se o “Planeja Brusque 2040.” Talvez sirva de inspiração a outros municípios.
Com a recente conclusão do Censo Demográfico de 2022 começam a surgir dados interessantes que, pessoas interessadas, buscam nos escritórios do IBGE espalhados pelo país e auxiliam no entendimento do porquê apanhamos tanto em planejar o futuro. Importante: este material está disponível para quem se dispuser a pesquisá-lo e, sem custo. Logo, os órgãos de planejamento das prefeituras têm acesso garantido a um banco de dados excepcional.
Vamos aos dados de crescimento demográfico de alguns municípios de Santa Catarina. Sempre em números redondos para facilitar o entendimento e lembrando que se trata de uma estimativa feita pelo IBGE com base em dados coletados no censo e de projeção para 2050.
Município de Indaial: população atual 71mil – projeção 2050 123 mil;
Navegantes: 86 mil – projeção 142 mil;
Balneário Camboriú: 103 mil – projeção 199 mil;
Itapema: 75 mil – projeção 219 mil;
Brusque: 151 mil – projeção 307 mil;
Itajaí: 274 mil – projeção 483 mil;
Chapecó: 254 mil – projeção 452 mil;
Joinville: 616 mil – projeção 909 mil;
Florianópolis: 531 mil – projeção 967 mil.
Estas projeções feitas pelo IBGE mostram dados interessantes e obrigam os gestores públicos, em todos seus níveis, a pensarem suas cidades, Estado e país em função do crescimento que se avizinha. Chama a atenção que, em Santa Catarina, não teremos nenhum município com população acima de 1 milhão de pessoas; outro dado que nos leva à reflexão e a concentração no litoral de SC tornando o fenômeno da “litoralização” cada vez mais real com esvaziamento de municípios mais a oeste, onde somente Chapecó e Concórdia mostram crescimento acentuado da população. Também o fenômeno da migração interna e externa tem que ser considerados no planejamento a ser executado.
Os dados apresentados nos remetem a questões como educação, saúde, rodovias, crescimento urbano das cidades, assistência social e, por aí caminham as necessidades. Se há cidades que perdem população há escolas sendo esvaziadas e, se há cidades crescendo, há escolas a serem criadas. Como aprendi em Brusque nem sempre o poder público tem tempo e gente com disponibilidade para pensar a cidade no futuro então, fica a sugestão aos gestores públicos para que criem os grupos de pensadores da sociedade civil para pensar as cidades. Universidades, Associações comerciais e industriais, entidades civis representativas não se furtarão a ajudar. Pensar as cidades agora para ter um 2050 com qualidade de vida e dignidade!
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