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Antes que a casa caia
28 de Janeiro de 2013

Antes que a casa caia

  1. Estava no bar, em uma mesa bem no cantinho. Sentia-se muito triste, não queria ser percebido. Tomava lentamente o primeiro  gole da bebida, como se estivesse tomando o último.

Aí, chegou um valentão, louco para arranjar briga. Tomou o copo das mãos dele, bebeu quase tudo, o que sobrou jogou-lhe na cara.

E ele quieto.

Mas o valentão não se dá por satisfeito, e grita, como se quisesse que todos no bar ouvissem:

“FALE ALGUMA COISA, PESTE,  ANTES QUE EU TE ARREBENTE!”

Como se pouco lhe importasse a ameaça, o homem responde, quase mecanicamente:

“Hoje é meu dia de azar. Logo de manhã perdi a hora porque acabou a energia e tive de descer vinte andares de escadas. Fui sair de garagem, os pneus do carro estavam furados. “

“Perdi meia hora para trocá-los. Na pressa de chegar logo ao escritório, bati o carro. Cheguei atrasado, discuti com o chefe e fui despedido.”

“Então, cheguei em casa mais cedo e peguei minha mulher, na cama, com um indivíduo. Perdi a paciência, fui bater no cara, mas acabei apanhando feio e fiquei coberto de sangue. Quis tomar um banho e recebi um baita choque.”

“Para acabar de vez com meu dia estou aqui, me preparando para me suicidar. Aí, vem um idiota e toma todo meu copo de veneno.” (Publicado no  Jornal Estado de Minas e reescrito por mim, do meu jeito)

 

  1. Todo começo e meio de ano é a mesma coisa: de um lado, Faculdades e Cursos de Comunicação despejam dezenas de jovens formados por elas. Garotos, cheios de esperanças, buscando uma oportunidade no mercado, certos de que lhes basta o diploma, mas nem sempre bem preparados para o ofício.

De outro, agências e anunciantes, alguns precisando completar ou aumentar seu quadro, pedindo que os candidatos lhes enviem currículos.

  1. Perspectivas de frustração de ambos os lados.

Os jovens logo percebem, à medida que batem com os narizes nas portas, que deviam ter se interessado antes pelas coisas do mercado, porque o diploma é apenas o fim de uma jornada. E se vêem perdidos, desamparados. Durante o tempo em que freqüentaram o curso, e depois procurando emprego, jogaram fora um tempo precioso, que poderiam aproveitar pesquisando, estudando, aprendendo mais.

As agências procuram, procuram, e raramente acham o profissional que estavam procurando. Logo percebem que o currículo não significa nada. Também desperdiçaram nessa tarefa um tempo precioso, que poderia ser utilizado prestando serviços aos Clientes – e faturando, claro.

São duas pontas, uma que oferece trabalho, outra que quer trabalhar, que não se encontram. Ou, quando se encontram, não se encaixam.

Acho que o Sinaprosc poderia prestar um grande serviço às agências associadas, aos jovens e ao mercado.

  1. Penso que ele poderia chamar para si a tarefa de garimpar, no mercado, entre esses jovens publicitários, os talentosos – que eles existem e são muitos.

A tarefa é difícil, mas não impossível de cumprir. Basta querer.

Querendo, ele vai conseguir evitar que os empresários da publicidade, os profissionais de marketing  e os publicitários recém formados entrem e desespero porque não conseguem o que precisam.

E se sintam tentados a praticar alguma besteira.

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