9 horas e, dentro de um ônibus em direção ao centro, passo a fazer o que aprendi há tempos: observar!
Primeiro a beleza da paisagem ao longo de toda beira-mar norte. Sol forte, céu azul sem nenhuma nuvem e o povo se exercitando ao longo da avenida. Uns, mais jovens, fazendo sua corrida em busca da forma física perfeita, os mais vividos caminhando mais ou menos aceleradamente, aproveitando as delícias proporcionadas pela natureza. Ciclistas utilizando a estrutura disponível tiravam o máximo das suas bicicletas. É a vida, vivendo!
Ah! Importante chamar a atenção para os artesãos, que com suas barracas, trazem vida à cidade.
Enquanto olhava tudo que acontecia fora do ônibus percebi que, dentro, os passageiros esqueciam as maravilhas que estavam disponíveis para fixar seus olhos nas telas dos celulares que, provavelmente, mostravam algo menos interessante. Mundo moderno! Esquece-se o que se oferece gratuitamente e o obriga a pensar, para fixar-se em algo que limita seu pensamento e o doutrina sem que o autor perceba.
Como uso o transporte coletivo com alguma frequência as observações são inevitáveis. O número de usuários que param o ônibus para perguntar aonde vai é crescente; são pessoas, ou que não sabem ler ou não enxergam o que está escrito no letreiro. Também a se ressaltar o tratamento educado dispensado pelos motoristas aos usuários do sistema.
O destino, no centro, eram os Sebos da João Pinto e adjacências. Aí aparece a outra face da cidade. Apesar das obras de revitalização feitas pela prefeitura no centro, o efeito estético ainda não se faz notar. A aparência é de sujeira e algum abandono a começar pelo prédio dos Correios.
Ressalte-se a figura dos moradores de ruas. Problema que se agrava em todo o país, principalmente, nas grandes cidades. Do Mercado Público a João Pinto, grupos de moradores de rua começavam a se movimentar. Na Praça da Figueira em cada banco encontrava-se alguém que ali tinha passado a noite ou estava programando seu dia. Este é um problema sério e que deve ser encarado com soluções que atendam as necessidades da cidade e do povo ou, em pouco tempo, não será mais possível caminhar pelo centro da cidade.
Com o surgimento dos Shoppings, as grandes lojas migraram do centro das cidades para estes ambientes mais sofisticados e com recursos de segurança e lazer que o centro não oferecia. Com isto o centro foi entregue ao comércio popular, tipo tudo por 5 ou 10 reais e, mudou o perfil dos consumidores atraindo os moradores de rua que do centro fizeram sua casa. Esta observação é absolutamente sobre o que acontece e não tem nenhum juízo de valor.
Enfim, a cidade e seus contrastes!
Foto de Cassiano Psomas na Unsplash