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Coluna Eduardo Boechat | Entendendo a melhora dos mercados brasileiros
01 de Fevereiro de 2022

Coluna Eduardo Boechat | Entendendo a melhora dos mercados brasileiros

Será que esse movimento continuará nos próximos meses? Quais riscos estão no caminho?

Por Eduardo Boechat 01 de Fevereiro de 2022 | Atualizado 01 de Março de 2022

E aí, pessoal? Antes do texto, gostaria de deixar um convite. Estarei na CNN na próxima segunda, 07/fevereiro/22, falando um pouco sobre investimentos em renda fixa. O programa “O Grande Debate Investimentos” vai ao ar às 21h15. Aguardo vocês lá.

 

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Venho aqui rabiscar essas linhas para tentar explicar o início de ano no mercado financeiro. Digo isso, porque eu, e boa parte dos operadores do mercado, fomos pegos de surpresa com um movimento de melhora generalizado nos ativos brasileiros nesses últimos 15 dias. Contra o fluxo não existem argumentos. E o fluxo de entrada de investidores estrangeiros em janeiro bateu as expectativas do mais otimista dos otimistas. Apesar da queda das bolsas americanas no mês, apesar das expectativas não tão boas para a nossa economia nesse ano conturbado que teremos. Vimos Ibovespa subir bastante, Dólar cair diante do Real. Então vamos aos fatos:

 

1) Valores descontados:
As ações de empresas brasileiras passaram por um processo de desvalorização bastante forte no segundo semestre de 2021. O índice Bovespa caiu de cerca de 130 mil pontos para alguma coisa perto de 100 mil. Uma queda de aproximadamente 25%. Porém, as empresas seguem bem, mostrando bons resultados. A queda é muito mais atribuída ao aumento de taxas de juros e, por consequência, uma pior expectativa futura, além de um provável descontrole das contas públicas.

 

2) China:
Início de ano na China se mostrando um pouco melhor que o esperado. E a economia brasileira hoje está muito conectada com o ciclo econômico chinês, já que somos produtores de commodities, como minério, soja e carnes.

 

3) Banco Central Americano (FED):
Botaram o gato em cima do telhado. Trocando em miúdos, apesar de ainda não iniciarem o processo de alta de juros, já deram todos os sinais de que estão preocupados com isso e que, antes cedo do que tarde, irão começar a apertar as condições monetárias, por conta de inflação e PIB em alta, bem acima do razoável, e taxas de desemprego muito baixas, sugerindo um super aquecimento da economia americana.

 

4) Brasil:
A) Percepção dos agentes financeiros brasileiros de que a alta dos juros por aqui está chegando ao fim.

B) Percepção dos agentes financeiros brasileiros de que a eleição não será um grande divisor de águas e que uma eventual vitória da oposição não acarretará maiores danos à economia.

Esse é o pano de fundo do momento atual. De todos eles, tendo a concordar que os preços das ações realmente ficaram atrativos e que provavelmente os juros bateram no teto. Os demais pontos são de uma leitura mais difícil.

Sobre a China, sempre uma incógnita o que acontece por lá. Porém, podemos ver nos preços das commodities que talvez a economia esteja indo realmente bem. Minério, Petróleo, tudo subindo. Dados de produção de aço também retomando patamares elevados.

Sobre as eleições no Brasil, ainda parece cedo para tecer maiores comentários. Muita água vai passar debaixo dessa ponte e temos que esperar mais alguns meses para chegar a maiores conclusões. Do atual governo, difícil de desenhar um próximo mandato. Se o ministro da Economia teria força para executar o que prometeu no âmbito de privatizações e reformas. Do líder das pesquisas, muitas mensagens contraditórias, por enquanto. Mas, com certeza, sem privatizações e um discurso de rever alguns itens das poucas reformas que fizemos. E a 3a via parece cada mais longe de se tornar uma via possível.

Então, a situação americana passa a ser o que temos de mais palpável. O mercado parece um pouco anestesiado, acostumado com o banco central americano (FED) sempre ali, segurando as pontas, injetando dinheiro, mantendo juros perto de zero. Na minha opinião, o maior causador da inflação mundial que vivemos. A covid teve seu papel na desestruturação das cadeias de produção. Mas o FED injetou a bagatela de aproximadamente 5 trilhões de dólares na economia. Isso não passa impune. E agora eles estão revendo seus conceitos. Com isso, os dados de inflação continuam sendo de suma importância. Se os números se mantiverem altos, resilientes, o FED terá que agir com mais força. E, normalmente, o pessoal erra a mão. Parece que erraram na piora e agora tem tudo para errar na melhora. Na minha época de criança, apareceria um “A seguir cenas dos próximos capítulos”. Tenho somente uma certeza em tudo isso. Teremos muita volatilidade* nos preços dos ativos em 2022.

O mundo é dinâmico. Temos fatos novos todas as semanas. Deixo o convite para vocês assistirem ao meu programa semanal no YouTube da Activ Trades Portugal. O programa se chama “Em Busca do Swing Perfeito”, em referência ao swing trade no mercado financeiro e ao swing do golf, esporte que gosto de praticar. Lá comento todos esses fatos semanais e faço projeções para as semanas à frente. Deixem comentários, perguntas, sugestões. Vamos fazer juntos um espaço em que possamos discutir ideias e alternativas para o Brasil, além de comentar operações que possam ser lucrativas.

*volatilidade: flutuações bruscas e com grande amplitude nos preços dos ativos

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