Com uma carreira diversificada que combina engenharia, vendas e neurociências, Luciana Crespim tem se destacado como uma líder inovadora na indústria têxtil. Engenheira Têxtil pela Universidade Estadual de Maringá e sócia da Total EcoMáquinas, ela também fundou a Wave Negociação e Mentoria. Sua formação inclui um Master em Neurociências do Comportamento de Consumo pela ESPM, e suas experiências em comunicação e oratória a tornaram uma referência em desenvolvimento profissional. Nesta entrevista, Luciana revela os desafios e sucessos de sua jornada.
A formação em Engenharia Têxtil pela Universidade Estadual de Maringá é a base da sua trajetória profissional. Como esta formação acadêmica inicial moldou sua abordagem técnica e de negócios na indústria têxtil ao longo dos anos? E quais foram os principais desafios no início de sua carreira?
A formação em Engenharia Têxtil é especializada e indispensável para quem deseja seguir carreira nesta área. A cadeia têxtil é uma das mais longas no setor de transformação, mas conta com poucos profissionais dedicados. Pouco tempo após me formar, comecei a trabalhar na área comercial de máquinas para indústrias têxteis, o que foi um desafio, pois este setor é predominantemente masculino.
Acredito que o principal desafio para mulheres que escolhem atuar em carreiras predominantemente masculinas é saber como conquistar seu espaço e saber onde desejam chegar. No meu caso, conquistar o espaço não foi difícil, mas confesso que não fazia a menor ideia do que queria ser em 10 anos, aquela pergunta clássica, que incomoda tanta gente. Sou grata a Deus, pois ao final posso me considerar bem sucedida em minha jornada, todavia, nunca me faltaram comprometimento e vontade de trabalhar onde quer que eu estivesse.
Você tem uma carreira diversificada que abrange áreas como engenharia têxtil, vendas, neurociências e diversas formações em comunicação. Como essas experiências variadas influenciaram suas decisões e estratégias de carreira ao longo dos anos?
A formação em Engenharia Têxtil é a base que me permite transitar com mais facilidade na indústria. No entanto, quando entrei na área comercial, percebi rapidamente a falta de conhecimento necessário para lidar com clientes e fechar negócios de altos valores agregados. Em determinado momento, as experiências exigiram novos conhecimentos, mas, a partir de um certo ponto, essa dinâmica se inverteu. Desde então, meus conhecimentos se tornaram a base para construir o caminho que sigo hoje, com um destino bem definido.
Como sócia fundadora da Wave Negociação e Mentoria, você desempenha um papel crucial no desenvolvimento de novos negócios de alto valor. Quais habilidades específicas você acredita que são mais importantes para o êxito nesses projetos?
Adotar uma mentalidade focada na construção de soluções, em vez de batalhas, é fundamental. A partir desse ponto, você pode optar por adquirir as habilidades necessárias, contratar negociadores independentes ou até mesmo buscar uma mentoria em negociação.
Sua atuação voluntária em programas como o The CIRCLE, Mentoria Nós por Elas do IVG e a reabilitação de dependentes químicos demonstra um forte compromisso com o trabalho comunitário. De que maneira essas experiências voluntárias impactaram sua abordagem e filosofia de carreira no setor industrial?
Acredito que nossa vida só ganha um sentido real quando colaboramos verdadeiramente para o crescimento de todos. Nossas ações não são unilaterais; elas sempre retornam de alguma forma. Se desejamos um mundo melhor ou uma vida com verdadeiro significado, essa mudança deve começar em nós, não nos outros. Só posso dar o que tenho e vejo no outro o que sou. Na minha visão, não existem duas vidas separadas, uma pessoal e outra profissional. Por isso, onde quer que eu esteja, tudo em que acredito deve ser real e palpável e todas minhas conexões buscam ser verdadeiras e significativas.
Como cofundadora da LINK M&A, você busca estabelecer parcerias sólidas e oferecer soluções eficientes na busca de capital. Quais principais razões lhe levaram a iniciar esta empresa e quais são seus objetivos a médio e longo prazos?
Com a LINK M&A consigo colocar em prática meu propósito de promover o crescimento das indústrias de maneira ética e justa, contribuindo para uma sociedade mais abundante. Além disso, tem sido uma honra poder compartilhar tarefas e vitórias com minha sócia, Franciana Pereira, uma mulher cuja inteligência e generosidade admiro profundamente. Sempre tive um grande interesse pelo Mercado de Capitais e me sinto cada vez mais desafiada a democratizar esse conhecimento, tornando essas soluções acessíveis a todos que desejam crescer e expandir seus negócios.
Na sua trajetória como CEO da LAUDATEC SL, você lidera a empresa há mais de três anos. Quais estratégias você utiliza para manter a empresa competitiva e inovadora no mercado têxtil durante esse período?
Ser empresária no Brasil tem sido meu maior desafio; não é uma tarefa para principiantes. Aqui, aplico tudo que sei, mas ainda há muito a aprender. Todos os dias, buscamos soluções e parcerias que realmente cumpram o propósito de nossa empresa: promover economia energética e ambiental com retorno de investimento a curto prazo.
Muitas das iniciativas de ESG, especialmente nas ambientais, são reais e incontestáveis, e falo com conhecimento de causa. As máquinas que vendemos, não apenas para a área têxtil, mas também para as indústrias de papel, ração e moveleira, têm seu retorno de investimento comprovado. Nossos equipamentos recuperam energia térmica, diminuem as emissões de CO2 e reduzem a pegada de carbono.
Considerando a crescente influência da Inteligência Artificial no universo do trabalho, como você encara esta transformação? E como você busca influenciar as pessoas e empresas em suas interações sobre este cenário?
Para mim, a transformação em andamento provocada pela IA é inevitável. Ou surfamos essa onda, ou seremos, de certa forma, engolidos por ela. Se desejamos permanecer relevantes no mercado de trabalho, conhecer e utilizar as ferramentas de IA é essencial. Precisamos entender que este mundo em transformação não é um evento isolado, mas uma realidade constante, saber se adaptar e evoluir é o segredo para se manter relevante e necessário.
Diante de sua larga experiência executiva, qual seria sua mensagem final para esta entrevista, visando contribuir com alguém em início ou fase de transição de carreira?
Primeiro, descubra o quanto antes o que pagam para você fazer que você ama. Busque o autoconhecimento, entenda como alinhar seus propósitos e valores com sua carreira profissional. Este é um dos principais objetivos em minhas mentorias, pois o sucesso profissional está intimamente ligado à felicidade pessoal, já que não existe separação entre trabalho e vida pessoal. Portanto, o primeiro e mais relevante investimento para quem está no início de sua carreira é uma mentoria de desenvolvimento profissional. Se você não tiver claro o seu destino, corre o risco de passar a vida andando em círculos.
Segundo, aprenda a se comunicar de forma estratégica. Isso não se aplica apenas à comunicação externa, mas também à interna.
Terceiro, aprenda a negociar, influenciar e persuadir. Você pode perder muitas oportunidades se não assumir a responsabilidade pelas negociações e resultados que surgirem ao longo da sua vida.
Quarto, trabalhe com vontade e se comprometa com suas promessas e resultados.
Quinto e último, tenha consciência da brevidade da vida, isso lhe dará a dimensão correta da importância do que fazemos e do que escolhemos não fazer.
Lições de carreira
Ao refletirmos sobre a trajetória de Luciana Crespim, fica claro que sua combinação de habilidades técnicas, estratégicas e de liderança têm sido fundamentais para seu sucesso na indústria têxtil. Sua dedicação ao desenvolvimento profissional e ao trabalho comunitário destaca a importância de um propósito maior em nossas carreiras. Luciana nos lembra que a inovação e o compromisso com a comunidade são pilares essenciais para construir um futuro promissor.
Grato pela leitura. Nos encontramos no próximo artigo!
Abraço, Jonny
