Seguindo com a série de entrevistas que o AcontecendoAqui realizou com donos de agências de propaganda catarinenses, sobre a importância dos prêmios conquistados no Festival de Cannes para quem atua em mercados regionais como o de Santa Catarina, hoje a participação é de Cláudio Dutra, presidente da Marcca Comunicação. Confira:
AcontecendoAqui – Qual o conceito que você tem sobre o Festival de Cannes e sua importância na imagem de uma agência de propaganda?
Cláudio Dutra – Reconhecidamente, é o evento de maior visibilidade do meio publicitário internacional, e as agências detentoras de alguns de seus prêmios naturalmente alcançam enorme notoriedade e prestígio. Especialmente para quem aprecia tais atributos e valoriza o glamour da publicidade, esse evento pode ser comparado ao “Oscar”.
AAqui – Poucas agências catarinenses já concorreram na premiação. Na sua opinião, por que essa pequena participação?
C.D. – Embora o nível de qualidade e competência técnica da publicidade catarinense, especialmente no aspecto criativo, em nada fique a dever aos demais polos econômicos do país, penso que ainda não alcançamos o equilíbrio ideal de uma combinação de fatores – como recursos para uma produção de nível internacional e investimentos adequados para uma veiculação de grande cobertura e abrangência, de maneira contínua e consistente – que se tornam críticos para quem quer competir com as maiores e melhores agências do mundo. Seguramente, esse gap em relação à envergadura das campanhas desenvolvidas aqui e as de porte internacional é também responsável pela baixa frequência de inscrições catarinenses no Festival.
AAqui – Você já esteve em Cannes acompanhando o Festival?
C.D. – Infelizmente, não. Ainda não tive o privilégio de estar em Cannes por ocasião do Festival.
AAqui – Sua agência vai concorrer na premiação de Cannes neste ano?
C.D. – Não faz parte do nosso planejamento, pois não acreditamos dispor de material à altura dos níveis de exigência do certame. E considero que não seria inteligente da nossa parte inscrever peças ou campanhas que não correspondam às especificações do Festival. E como, em hipótese alguma, nos disporíamos a investir em campanhas “fake” ou forçar a adequação de peças aos parâmetros da competição, preferimos acompanhar o evento como observadores atentos e interessados.
AAqui – Sua agência já inscreveu peças no festival? Se sim, em que ano e qual foi a classificação?
C.D. – Sim, em 2010 inscrevemos algumas peças da campanha “Disque Denúncia”, que realizamos para o nosso então cliente FATMA (campanha essa, inclusive, detentora de vários prêmios estaduais e regionais). Todavia, infelizmente sequer chegamos a figurar na short list do Festival.
AAqui – Por que motivo você não inscreve trabalhos em Cannes?
C.D. – Penso que boa parte das razões estão alinhadas nas respostas anteriores. Além disso, o perfil dos nossos projetos mais recentes não nos apresentam a combinação ideal das condições necessárias para corresponder aos requisitos do processo seletivo ao Festival. Embora já tenhamos alcançado êxito em outros certames, tendo, por exemplo – para grande orgulho e satisfação da nossa equipe – merecido projeção internacional, com uma campanha nossa que foi selecionada e publicada pela prestigiosa revista Archive, e outros destaques importantes, como a posição de finalista nacional no Prêmio Profissionais do Ano da Rede Globo, em 2012, além dos inúmeros prêmios do Clube de Criação de SC e uma campanha finalista no Festival Internacional de Gramado, em 2011, acreditamos que ainda há muito o que evoluir, aprender, aperfeiçoar. Por isso seguimos aqui, investindo o melhor do nosso talento, empenho e competência para entregar soluções e resultados reais aos nossos clientes, e nos preparando para então, quando nos sentirmos realmente seguros de que poderemos ser protagonistas, ir em busca de um lugar ao sol de Cannes.
