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Propósito em Movimento: Marcas que Fazem o que Dizem e Dizem o que Fazem
08 de Abril de 2025

Propósito em Movimento: Marcas que Fazem o que Dizem e Dizem o que Fazem

Por que o propósito é o ponto de partida e o ponto de chegada da nova identidade de marca

Por D. J. Castro 08 de Abril de 2025 | Atualizado 08 de Abril de 2025

Na parede da recepção, no perfil do LinkedIn, no rodapé do e-mail, na bio do Instagram. O propósito da marca está lá. Bonito. Inspirador. Enquadrado. E muitas vezes… inofensivo.

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Enquanto as transformações sociais, tecnológicas e culturais aceleram o ritmo do mercado, muitas marcas ainda tratam o propósito como se fosse um slogan de campanha: uma frase de efeito, polida por publicitários, encaixada na estética da comunicação institucional. Mas o futuro — e o presente — exige muito mais do que boas intenções com tipografia elegante.

Propósito não é adorno. É arquitetura e estrutura. É ponto de partida e ponto de chegada. E, acima de tudo, é prática.

De Significado a Significância

“Propósito não é o que a empresa diz para o mundo. É o que o mundo percebe que ela faz por ele.”

Na nova identidade de marca, o propósito não é mais um diferencial — é a fundação. Ele define o “porquê” que sustenta tudo: produto, cultura, decisões, relacionamentos, inovação. Mas atenção: ter um propósito claro não significa ter uma marca forte.

O que separa marcas memoráveis de marcas comuns não é a definição do propósito, mas a sua capacidade de realização. A execução consistente desse propósito em todos os pontos de contato, todos os dias, com todas as pessoas. Isso exige mais do que narrativa. Exige cultura, sistemas, liderança e coragem.

Ben & Jerry’s não apenas diz que acredita na justiça social — ela entra em causas polêmicas mesmo quando isso pode gerar boicotes. A Patagonia não só escreve sobre sustentabilidade — ela abre mão de lucro por ela. Essas marcas demonstram que propósito é um ativo operacional, não um conceito de branding.

É preciso ir além do discurso

A armadilha do propósito no século XXI é confundi-lo com performance narrativa. O risco é criar uma estética do bem — um branding emocional e socialmente consciente, mas sem a devida profundidade.

Marcas que declaram propósito sem integrá-lo aos seus processos, produtos e pessoas criam um vácuo de credibilidade. E, em tempos de transparência radical e mídias sociais instantâneas, esse vácuo é rapidamente preenchido por desconfiança.

Como diz a máxima corporativa moderna: “Não diga que você é transparente, seja transparente. Não diga que se importa, prove que se importa.”

A nova identidade de marca exige coerência. Significa que o discurso de impacto precisa estar refletido:

● no modelo de negócio,
● nas relações com fornecedores,
● nas metas de ESG e KPIs reais,
● no onboarding de novos talentos,
● e até na escolha de onde e como anunciar.

O propósito não sobrevive no PowerPoint. Ele precisa viver nos bastidores e no palco.

Cultura de marca

A cultura organizacional é o organismo vivo onde o propósito ganha forma — ou onde morre sufocado por contradições.

Empresas como Netflix e Zappos são reconhecidas por culturas coerentes com seus discursos. A primeira pratica liberdade com responsabilidade não como um meme corporativo, mas como base de decisão. A segunda transformou a obsessão pelo cliente em um estilo de vida.

O alinhamento entre cultura e propósito é o que torna uma marca autêntica. Propósito sem cultura é retórica. Cultura sem propósito é rotina. Quando esses dois elementos se conectam, surge uma força invisível — porém tangível — que direciona decisões, comportamentos e, claro, resultados.

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Impacto Real: O Propósito Precisa Sair da Cúpula e Chegar na Comunidade

Na nova economia da reputação, impacto não é mais um “nice to have”. Ele é o novo termômetro de relevância.

É por isso que as marcas que querem existir (e não apenas sobreviver) no futuro estão olhando para além do produto — e avaliando seu papel na transformação do mundo ao seu redor. O impacto não se limita a uma linha no relatório de sustentabilidade. Ele precisa se manifestar na forma como a marca:

● melhora a vida de quem a consome,
● gera oportunidades para quem a produz,
● respeita os recursos de quem a rodeia,
● e influencia positivamente a sociedade de forma sistêmica.

 

Tesla não vende apenas carros. Ela impulsiona uma revolução energética. A Unilever não apenas fabrica produtos — ela reinventa seu portfólio com base em métricas sustentáveis. A Natura, com sua atuação na Amazônia, alia biodiversidade à prosperidade social. O propósito verdadeiro constrói valor porque resolve problemas reais.

O Propósito é o começo. E nunca um fim em si mesmo

Um erro comum é tratar o propósito como algo que se define e pronto. Um exercício de workshop, um manifesto, uma frase que fecha um vídeo bonito. Mas o propósito é dinâmico — porque o mundo é.

O que move uma organização não é apenas o que ela já sabe fazer, mas o que ela ainda precisa fazer para tornar seu propósito realidade. É por isso que dizemos que ele é ponto de partida e ponto de chegada.

● Como ponto de partida, ele inspira. Une. Direciona. Dá sentido ao trabalho de cada pessoa, conecta áreas, orienta decisões.
● Como ponto de chegada, ele é aspiração. Um alvo em movimento que exige esforço contínuo, reflexão constante e ajustes corajosos.

Marcas que se emocionam com o que já conquistaram perdem a chance de evoluir. Marcas que se comprometem com o que ainda falta construir permanecem relevantes.

Consistência: O Nome do Jogo

Não existe propósito eficaz sem consistência.

Não existe impacto positivo com foco disperso.

Não existe construção de marca no futuro sem coerência no presente.

Cada vez mais, consumidores querem relações com marcas que não apenas prometem, mas entregam. Marcas com visão clara, comportamento ético, posicionamento firme e ações concretas. Marcas que contribuem com o coletivo, sem perder sua essência competitiva.

Se propósito é a bússola, consistência é o caminho. E foco é o combustível.

O Futuro Pede Menos Frases Bonitas e Mais Marcas Verdadeiras

É hora de entender que o branding do futuro é menos sobre o que você diz e mais sobre o que você sustenta ao longo do tempo. Em um cenário de transformações tecnológicas, mudanças nos padrões de consumo, polarização política e novas urgências sociais, o mercado exige marcas que sejam:

● Claras no que defendem,
● Coerentes no que fazem,
● Corajosas para assumir erros,
● E consistentes para construir reputação ao longo dos anos.

O propósito, nesse contexto, não é um troféu — é uma jornada. E a identidade de marca, um reflexo vivo desse compromisso.

E Agora? Como sua Marca Vai Colocar o Propósito em Movimento?

Se sua marca ainda trata o propósito como peça de decoração, talvez esteja na hora de repensar. Ele precisa sair do quadro da recepção e entrar na reunião de produto, no planejamento estratégico, nas metas de RH, no manual do time de vendas.

Pergunte-se:

● Seu propósito é praticado todos os dias ou só comunicado nas campanhas?
● Sua cultura sustenta seu discurso?
● Seus stakeholders enxergam impacto real no que você entrega?

Comece com clareza. Siga com consistência. Cresça com foco.

O futuro das marcas será liderado por aquelas que fazem do propósito um motor, não uma moldura.

 

D.J. Castro
Estrategista de Marcas, Consultor de Inovação de Marketing, Palestrante.
Fundador do Fluxo – Ecossistema de Criatividade e Estratégia
Vice-presidente do CENI-FACISC
Apresentador do Podcast O Novo Hunter.

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