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por Vivaldo José Breternitz*
Embora não seja segredo que as tensões entre a Apple e o Facebook estejam crescendo, uma matéria recente do Wall Street Journal (WSJ) lançou mais luz sobre o assunto, informando que o CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, disse aos seus funcionários que “é preciso infligir dor” à Apple, em função de comentários feitos pelo CEO da mesma, Tim Cook.
Falando sobre o escândalo envolvendo a Cambridge Analytica e o Facebook, Cook foi questionado sobre o que ele teria feito se estivesse administrando o Facebook quando os fatos ocorreram. Ele respondeu que se dirigisse à empresa rival, ela não teria se envolvido no caso e fez acusações adicionais ao Facebook, falando de invasão da privacidade de seus usuários e acusando a plataforma de fomentar teorias de conspiração e desinformação com o uso de seus algoritmos.
O relacionamento entre as empresas é ruim há algum tempo e embora os dois CEOs tenham se encontrado em 2017 na tentativa de superar os desentendimentos, o encontro “resultou em um impasse tenso”, segundo o WSJ.
Desde então, o fosso entre as empresas se aprofundou, e possíveis alterações nos aplicativos iOS, a serem implementadas pela Apple, de forma a dificultar o rastreamento das atividades dos usuários, podem vir a prejudicar o Facebook, já que seu modelo de negócios depende desse rastreamento para permitir anúncios mais eficientes – publicidade é o grande negócio do Facebook.
Em função disso, Zuckerberg estaria considerando processar a Apple por supostas políticas anticompetitivas e se ofereceu para fornecer à Epic Games documentos para ajudar na batalha legal que essa empresa mantém com a Apple. O WSJ também relata que o Facebook tem conduzido “uma campanha contra a Apple” junto ao governo americano.
Além disso, as empresas parecem estar em via de se tornarem concorrentes diretas. Seus respectivos CEOs acreditam que a realidade mista e a realidade aumentada representam o futuro da computação e o Facebook já tem um produto para essa área, o Oculus, enquanto a Apple também trabalha com o tema, já se falando de alguns detalhes acerca de seus headsets, que poderão vir a disputar a mesma fatia de mercado que o Oculus.
É briga de cachorro grande!
*Vivaldo José Breternitz é doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor da Faculdade de Computação e Informática da Universidade Presbiteriana Mackenzie.
