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ENTREVISTA | Especialista fala como startups podem buscar e negociar com investidores em meio à crise
10 de Janeiro de 2021

ENTREVISTA | Especialista fala como startups podem buscar e negociar com investidores em meio à crise

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Diante da crise econômica provocada pela pandemia de coronavírus, muitas startups se deparam com dois cenários: a falta de crédito oferecido pelo governo, dificultando a manutenção de negócios; e as oportunidades que startups de alguns segmentos encontraram no período, devido à mudança de comportamento dos consumidores e consequentemente ao surgimento de novas demandas.

Seguindo esse contexto, a redatora do AcontecendoAqui, Karolina Pires, conversou com o especialista em política econômica internacional e advogado, Emanuel Pessoa, que falou sobre como as startups podem buscar e negociar com investidores para conseguirem apostar em uma ideia nova ou manter seus negócios.

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Confira:

Quais segmentos de mercado são mais atraentes para startups?

Qualquer problema cuja solução possa ser escalável é altamente atraente para as startups. Em função da pandemia e de gargalos típicos da economia brasileira, os setores de saúde e de logística têm atraído fortes investimento de inovação.

 

De que maneira as startups que buscam negociações podem encontrar investidores?

A maioria dos fundos de venture capital e de investimento anjo divulgam suas atividades, de modo que os empreendedores não têm dificuldade em os encontrar. Frequentar eventos, participar de listas de e-mails e contatar outras startups também são formas inteligentes de encontrar investidores.

 

Como escolher o melhor momento para investir ou buscar investidores?

Há dois momentos que podem ser tidos como “melhores”. Primeiro, quando a startup não consegue mais seguir com as próprias pernas (bootstraping) ou quando ela precisa de capital para escalar.

 

Quais os critérios para definir bons investidores ou bons investimentos?

O melhor investidor é aquele que além de agregar dinheiro, provê conhecimento, experiência e uma rede de contatos. Esse seria o smart money. Quanto ao investimento, o potencial de retorno sempre é o melhor critério para definir se ele é bom. Isso costuma ser aferido pela escalabilidade do negócio e pelos resultados já obtidos. Claro, não há garantias.

 

Uma startup pode pensar em procurar investidores em outros países?

Não só pode, como deve. Investidores internacionais têm acesso a capital mais barato e as taxas de retorno sobre investimento costumam ser mais altas no Brasil. O que impede esses investidores de aportarem mais dinheiro aqui é a insegurança jurídica, os problemas institucionais e a falta de estabilidade econômica.

 

Quais são os pontos fortes que as startups têm que considerar para motivar investidores?

Os pontos-chave são ter uma operação que tenha um case para ser apresentado, o potencial de escalabilidade e um time que dê segurança de que o investimento está sendo feito na startup certa.

 

Como pode ser feita a negociação de investimento?

Quanto mais franca e completa for a negociação, melhor. Devem ser abordadas as expectativas de ambos os lados, sem imaginar que alguma coisa está subentendida, deixando claro o que realmente se espera e se vai ter de cada lado. Não é porque você está captando com uma referência de determinado ramo que essa pessoa tem interesse em partilhar os contatos dela. Portanto, o alinhamento dos interesses é primordial.

 

Qual o primeiro passo ao receber capital de investimento?

O primeiro passo é contar com uma assessoria jurídica adequada, para assegurar que o aporte será feito de forma regular, com segurança para as partes. Com a percepção do valor, o passo imediato é a execução do plano de negócios que levou o investidor a querer aportar o dinheiro – claro, se algo mudar, isso deve ser explicado pra o investidor.

 

Como definir o grau de importância de cada ponto a ser alterado ou impulsionado na startup ao receber um investimento?

Isso entra no planejamento da empresa que levou à confecção do plano de negócios sobre o qual o investimento foi solicitado. Essa definição depende de uma análise de mercado da startup e definição do que ela deseja fazer com os valores.

 

Há um conceito de que startups raramente se tornam empresas. Elas não passariam de produto de outra empresa. Como fugir desse caminho?

Startups são empresas. Esse conceito de que não seriam se encontra ultrapassado, até porque muitas delas valem mais do que empresas consagradas de ramos tradicionais.

 

Como é possível definir o cenário atual das startups no Brasil e quais são as previsões para o futuro?

O cenário é de forte expansão, com aumento do número de empreendedores e do volume investido. O Brasil é um país com muitos problemas a serem resolvidos, isto é, com muitas “dores”, o que o torna um mercado imenso para produtos e serviços escaláveis. Isso deve perdurar por muitos anos, com aumento do volume de startups e de investimentos.

 

Qual sua opinião sobre o ecossistema de tecnologia de Santa Catarina?

É um ecossistema forte, que atrai muitos empreendedores pelo lugar de destaque que já alcançou e pela qualidade de vida do Estado. Tem tudo para crescer mais ainda

 

 

Sobre Emanuel Pessoa

Emanuel Pessoa é advogado, especialista em Política Econômica Internacional e Negociação de Contratos, Inovação e Internacionalização de Empresas. É Mestre em Direito pela Harvard Law School, Doutor em Direito Econômico pela Universidade de São Paulo, Certificado em Negócios de Inovação pela Stanford Graduate School of Business, além de ser Bacharel e Mestre em Direito pela Universidade Federal do Ceará. O profissional ainda ensina Negociação Avançada em cursos executivos. Com um escritório sediado em São Paulo, atende clientes de todo o Brasil e do exterior. Seu propósito é fazer das empresas brasileiras companhias globais.

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