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CRÔNICA | “Casa”. por Cris Vasquez
14 de Fevereiro de 2018

CRÔNICA | “Casa”. por Cris Vasquez

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Depois de ficar um mês sem sair de casa por uma questão de saúde, passei a pensar sobre a casa, a amar a casa. Perdoem-me aqueles que sempre a valorizaram, e nunca precisaram ou acham bobagem pensar tais obviedades. 

A casa existe porque existe a rua. Para nos protegermos das intempéries, construímos a casa, movimentando um enorme setor econômico. Depois de nos esforçarmos para deixá-la equipada, enfeitada e aconchegante, vamos para a rua, que é o que interessa. Não, não quero ter recaídas. O que importa é a casa, o lugar para onde voltamos exaustos todos os dias depois de matarmos leões, segurarmos rojões e darmos alguns sorrisos falsos.  

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Ela é o lugar onde podemos ser nós mesmos. Em casa, fazemos careta na frente do espelho, treinamos o cruzado de esquerda que nunca daremos no chefe, planejamos o próximo passo, como grandes estrategistas, educamos as crianças, assistimos nosso programa preferido, erramos uma receita, curamos as ressacas, ficamos nus, sonhamos e vivemos o amor, acordamos de pesadelos. 

A casa é nosso inconsciente, representa nosso desejo mais profundo, como escreveu Cortázar, no famoso conto Casa tomada. Não à toa, existem as residências literárias, em que os escritores passam um tempo frente a frente consigo mesmos, apenas para escrever. 

Ditados é que não faltam. Quem casa quer casa. Roupa suja se lava em casa. Cada um é senhor em sua casa. Até a Constituição prevê a casa como asilo inviolável do indivíduo. Conceitos que fazem a diferença entre o público e o privado. 

Hoje em dia, o site das nossas empresas, os blogs pessoais ou nosso perfil nas redes, podem ser comparados à casa. Além do endereço físico, temos nosso endereço eletrônico. Desde aqueles muito frequentados, que realmente vendem, até os que funcionam apenas como refúgio artístico de seus criadores, nem por isso menos importantes para eles. 

Têm problemas quem tem medo de sair de casa e quem nunca quer voltar para casa. Ela nos equilibra, revitaliza. E agora que estou zerada, só peço licença para dar uma voltinha. Vamos?

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