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Coluna Endeavor | O que não se aprende em Harvard, por Jorge Paulo Lemann
25 de Agosto de 2016

Coluna Endeavor | O que não se aprende em Harvard, por Jorge Paulo Lemann

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Aprende-se um monte em uma universidade Ivy League, mas para Jorge Paulo Lemann, tem coisa que “só apanhando muito”. Conheça um lado pouco conhecido de sua história.

Tudo que você não espera ouvir do empreendedor mais bem sucedido do país são os erros que ele cometeu. Erros, alguns, no plural mesmo. Façanhas de um jovem de 76 anos, que discorre sobre seus pequenos feitos que não deram certo com o mesmo entusiasmo que demonstra no mundo empresarial.

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Se você busca o nome de Jorge Paulo Lemann no Google, encontra indicadores impressionantes de suas consquistas. Números, aquisições, sociedades. AB Inbev, Burger King, Kraft Heinz. Realmente, Lemann e seus sócios, Beto Sicupira e Marcel Telles, devem estar presentes na sua vida do café da manhã ao happy hour. Mas até construir o que construíram, muitas águas rolaram.

“A maioria das pessoas olha a carreira de um empresário,
lê sobre o sucesso que teve e acha que é uma linha reta.
Mas tudo aquilo no meio ninguém vê”

O trio, como são chamados, trabalha junto há mais de quatro décadas e compartilha mais que empresas. Seus valores e crenças se destacam em todos os negócios. No prefácio do livro “Sonho Grande”, Jim Collins revela um dos segredos de tamanho sucesso: “os três construíram um mecanismo que tem duas premissas básicas: primeiro recrute as melhores pessoas e depois dê a elas coisas grandes para fazer”.

Uma verdadeira saga no mundo dos negócios
Imagine Jorge Paulo Lemann aos 17 anos, um surfista e tenista que não queria saber muito de estudar. De repente, ele é aprovado em um dos maiores hubs das mentes mais brilhantes do mundo. Harvard quase expulsou o adolescente, já no primeiro ano, por ter soltado fogos no campus. Foi como um estalo – ou ele tomava jeito, ou nunca teria seu diploma.

Não é que ele se formou? Eram 6 horas diárias de estudo e a metodologia que Lemann desenvolveu na época, ele usa até hoje. E deve tudo às dificuldades que encontrou pelo caminho.

Uma das grandes foi a primeira etapa de sua jornada empreendedora, que começou e terminou em 4 anos. Sim, faliu. A financeira que ele montou com seus amigos de Harvard tinha muita gente parecida e todo mundo queria tomar conta, ele diz. Erro e aprendizado de negócios número 1: ninguém olhou para a retaguarda, deviam ter diversificado mais.

“ESSAS COISAS VOCÊ NÃO APRENDE
EM NENHUMA BUSINESS SCHOOL,
SÓ APANHANDO MUITO”

Lemann continuou investindo, até reunir capital para novas empreitadas. Em 1971, comprou uma pequena corretora de valores que logo foi transformada em um dos mais prestigiosos e inovadores bancos de investimentos do Brasil, o Banco Garantia. Foram 27 anos de muito empenho, aprendizado prático e prosperidade ao lado de seus sócios, mas ele conta que o Garantia também teve suas dificuldades no final. Aquele sonho de ter um banco de investimentos poderoso não existia mais em 1998. Decidiram vendê-lo ao Credit Suisse e focaram em outras indústrias.

O resultado nós vemos por aí, no crescimento de suas empresas e nas grandes lições que elas nos trazem sobre ter uma cultura forte e garra para alcançar bons resultados. Mas Lemann tem uma paixão que fica ali bem empatada com os negócios: a educação.

Aprender e ensinar, uma prática permanente
Lemann acredita fortemente que, para o Brasil crescer, ele precisa de duas coisas: empreendedorismo e educação. Com educação de qualidade, as pessoas conseguem aumentar o seu potencial de realização. Depois, o espírito empreendedor nelas transforma esse potencial em ação, em algo que pode revolucionar a forma como as coisas são feitas.

Essa crença motiva a participação de Lemann em diversos projetos relacionados. Além da própria Endeavor, iniciativas de impacto como a Fundação Lemann, a Fundação Estudar e a Khan Academy buscam fortalecer o laço entre educação e empreendedorismo no Brasil.

Só na Fundação Lemann, por exemplo, desenvolve e apoia projetos inovadores em educação e investe na formação de profissionais da educação e de novas lideranças. Os números previstos para os resultados são expressivos: até 2018, a expectativa é promover soluções inovadoras no cotidiano da educação de 30 milhões de pessoas, ter mais 200 mil professores capacitados para garantir o aprendizado dos alunos e 65 líderes promovendo e acelerando transformações sociais de alto impacto.

“NO FINAL DAS CONTAS,
SOU UM PROFESSOR.
É ASSIM QUE REALMENTE ME VEJO”

Parece que ensinar e dedicar-se ao aprendizado são parte da rotina de Jorge Paulo. Talvez a chave mestra de seu enorme sucesso no mundo empresarial. Jim Collins, no prefácio de “Sonho Grande”, ressalta essa prática: “Desde cedo em sua carreira, Jorge Paulo Lemann buscou ativamente pessoas com quem pudesse aprender. E fazia peregrinações para visitá-las”. E complementa: “o interessante foi que, ao adentrar sua quinta, sexta e sétima década de vida, ele continuou essa busca por aprendizado, muitas vezes procurando conselheiros e professores mais jovens que ele”.

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