Publicidade
Coluna Ana Lavratti | Sobre o valor das vitórias não vistas…
01 de Abril de 2019

Coluna Ana Lavratti | Sobre o valor das vitórias não vistas…

Publicidade
Twitter Whatsapp Facebook
Por Ana Lavratti 01 de Abril de 2019 | Atualizado 01 de Abril de 2019

 

Quando meus pais me mandaram pra Porto Alegre, pequeninha, pra assistir Mikhail Baryshnikov voando em sapatilhas, eu sequer compreendia o que era estar diante de um mito, que junto a Nijinsky e Nureyev elevou às alturas a expectativa que gira em torno de um salto e um giro.

Publicidade

Mais tarde, já profissional, fui de Mikhail pra Michael com o mesmo suspirar… Extasiada, sem ar, ao ter diante de mim quem faz do palco um altar. Clamando a mudança lá dentro de nós.

 

We are the world… We are the children
We are the ones who make a brighter day, so let’s start giving

(We are the world)

 

If you wanna make the world a better place

Take a look at yourself, then make a change

(Man in the mirror)

 

If you care enough for the living
Make a little space. Make a better place…

For you and for me and the entire human race

(Heal the world)

 

O fato é que, com frequência, não conseguimos dimensionar o que é por natureza abstrato: uma conquista ou oportunidade.

Ainda criança, como poderia saber que ninguém saltava e parava com maior precisão?

Depois, como prever?… que Michael Jackson, o recordista em quebrar recordes, o Rei do Pop, que adquiriu os direitos sobre as músicas dos Beatles, que escolheu pra casar a filha do Rei do Rock (Lisa Presley), que não sabia só de acordes mas dos sentimentos que a música acorda em nós, nos deixaria tão cedo, sem chance de replay do show onde chorei?

 

Quando participei pela primeira vez do Prêmio ACIF Mulheres que Fazem a Diferença, executava apenas uma atribuição. Claro que dei o melhor. Que escrevi com o coração. Mas minha ambição se limitava a cumprir a missão. Sem qualquer outra pretensão!

Como jornalista do colégio Guroo, contei a história da sócia-diretora. Como jornalista da FloripAmanhã, contei a história da presidente da ong. E não é que os cases fizeram história?? Das três premiadas naquela noite, comemorei com duas: Lorena Sotopietra Nolasco, vencedora em Negócios, e Zena Becker, vencedora em Terceiro Setor.

 

Passados dois anos, lá fui eu… viver de novo uma vitória não vista, trazendo à tona os trunfos de uma feliz finalista: Iara Miotti, no Terceiro Setor.

O prêmio cresceu. As opções de inscrição também. E com isso o volume de candidatas.

Até que em 2017, em novo palco, no teatro Pedro Ivo, pude ver com mais clareza toda aquela grandeza.

As oportunidades que o Prêmio desvendava na rotina das premiadas.

O poder que emerge se uma história vira exemplo. Se alguma iniciativa se converte em inspiração.

E assim voltei a vibrar, pela chance de assinar mais dois cases finalistas, em Cultura e Educação.

 

Com cinco amigas premiadas – nos bastidores, extasiada! – me convenci que contar histórias move a minha vida, muda outras vidas. E mesmo anônima, não vista, festejo cada conquista… cada nome no microfone… cada premiada alçada ao palco com histórias que eu conheço, que admiro ao ponto de suprimir vírgulas e pontos de garimpar sinônimos no dicionário de reescrever infinitas vezes até resumir em 5 mil caracteres uma mulher com mil talentos.

Case vencedor escrito até o limite!! ZERO caracteres sobrando no case e no resumo

 

Das seis mulheres que confiaram a mim a narração das suas conquistas para concorrer ao Prêmio ACIF Mulheres que Fazem a Diferença, com 114 candidatas nesta edição 2019, cinco foram pro palco: duas vencedoras e três finalistas. Todas tendo por anfitriã justamente a Lorena, atual Coordenadora da ACIF Mulher, pra quem escrevi o primeiro case em 2013, e poucos anos mais tarde outro case premiado, como vencedora em Santa Catarina do Prêmio Sebrae Mulher de Negócios.

 

Das 10 premiadas que menciono acima, não me incluo na lista. Também concorri, mas não venci. E daí?? Achei justo. Talvez até previsível. Porque meus maiores feitos nunca foram tangíveis. São vitórias invisíveis. Escritas nos bastidores. Nem sempre valorizadas, mas jamais subestimadas.

Viver com hipertireoidismo, dependente vitalícia de uma medicação que dispara meu coração.

Viver com talassemia, também dependente de remédios pra controlar a anemia.

Viver vizinha da dor, com um marido que sofre até durante o sono.

Viver feliz e produtiva. Por isso sou embevecida pela Dádiva da Vida.

 

 Torcida da irmã, Daniela

 

Metas vencidas e mãos estendidas só são possíveis quando antes vencemos a nós mesmos, nossos limites, preguiças e preconceitos. E nisso, todos nós somos campeões. Vendo ou não. Querendo ou não dar a mão à palmatória, a verdade é que cada dia é uma orgia de glórias.

E como a vida gira, talvez mais que Baryshnikov, #BoraComemorar as vitórias não vistas, porque são elas, as pequenas conquistas, que forjam a little space, que criam a better place, que concretizam meu intento de sempre ser vento… soprando entre as asas dos voos dos outros.

 

Clique nas fotos do Studio A3 para acionar o slideshow e ampliar as imagens da Galeria:

 

 

Publicidade
Publicidade