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Coluna Jaime De Paula | Saúde, Outubro Rosa e Inteligência Artificial
05 de Outubro de 2021

Coluna Jaime De Paula | Saúde, Outubro Rosa e Inteligência Artificial

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Por Jaime de Paula 05 de Outubro de 2021 | Atualizado 05 de Outubro de 2021

 

O potencial criativo e inovador do brasileiro esbarra na falta de políticas de inovação também no setor de saúde. Embora tenhamos profissionais, universidades, centros de pesquisa, startups, empresas especializadas e instituições médicas e farmacêuticas de altíssimo nível, pecamos pela falta de inovação tecnológica no ecossistema de pesquisa, planejamento e financiamento.

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Uma análise da Fapesp realizada em setembro deste ano durante o seminário “Desafio no Desenvolvimento de Fármacos no Brasil” mostrou que a epidemia da Covid-19 evidenciou ainda mais essas fragilidades. Os problemas de saúde e, consequentemente, o consumo por recursos nessa área, costumam crescer em períodos de crise, o que ressalta a interdependência entre saúde e economia.

 

O SUS é o maior sistema universal do mundo e a saúde representa 9% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro (IBGE), com a possibilidade de atingir 12% nos próximos anos. Mas o nível de inovação no setor de saúde no nosso país ainda é muito baixo, diante do potencial. Embora o setor responda por cerca de 25% de toda a inovação realizada no mundo, aqui no Brasil, dados do SUS mostram que o sistema produtivo tecnológico de saúde em fármacos, equipamentos de proteção individual e medicamentos saltou de uma importação de US$ 5 bilhões em 2004, quando o sistema foi finalmente universalizado, para US$ 12 bilhões em 2019. A tendência é que esse montante cresça atrelado ao envelhecimento populacional.

 

Investir em inovação na saúde é estratégico para o país, tanto para assegurar o atendimento das demandas em crescimento permanente, como para gerar emprego, renda e desenvolvimento econômico. Muito embora nos últimos anos estejamos vivendo um boom em áreas como big data, inteligência artificial e  machine learning, não vemos a tradução de pesquisas em soluções na mesma medida. A inteligência artificial passa a ser ponto central já no desenho dos ensaios clínicos. A vacina, por exemplo, não teria avançado sem genômica avançada, inteligência artificial e big data.

 

E já que estamos no Outubro Rosa, mês de prevenção ao câncer de mama, vale destacar que dois projetos de lei tramitam na Câmara dos Deputados para incluir no Sistema Único de Saúde (SUS) testes genéticos para detectar o risco desse câncer em mulheres com histórico familiar da doença. O mapeamento seria capaz de informar o risco que as filhas dessas pacientes correm e também as formas de tratamento mais indicadas.

 

Nos Estados Unidos, o FDA aprovou o primeiro software que faz um diagnóstico automático, inicialmente para o câncer de próstata, mas com expectativa de aplicação também para mama e outros tipos de câncer em cerca de um ano. Já no Hospital Geral de Massachusetts, uma equipe do Laboratório de Inteligência Artificial e Ciência da Computação criou um modelo de aprendizagem profunda treinado em mamografias e resultados conhecidos de mais de 60.000 pacientes que pode prever a partir de uma mamografia se um paciente desenvolver câncer de mama com cinco anos de antecedência.

 

Na Europa, um estudo apresentado no Congresso Anual da Sociedade Europeia de Oncologia Clínica mostrou um modelo de IA que foi treinado para reconhecer características de imagens microscópicas de alta resolução de tumores de diferentes graus em um extenso banco de dados, contendo 2,8 mil lâminas com tecidos de pacientes de câncer de mama. O software classificou os tumores de acordo com características morfológicas e moleculares – um método econômico e rápido, que se baseia em imagens microscópicas de amostras de tecido, o que já faz parte do procedimento hospitalar. A máquina teve um índice de acerto comparável ao das análises clínicas.

 

O que o nosso ecossistema de saúde precisa é que as empresas adotem a inovação como caminho para se desenvolverem no mercado global. No evento da Fepese, o coordenador do Centro de Estudos Estratégicos, na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz-RJ), Carlos Gadelha, destacou o potencial econômico do investimento em inovação na área de saúde. Para ele, “Da mesma forma que o petróleo e o aço foram um importante sistema produtivo para o século 20, a saúde e algumas outras áreas da economia digital o são para o século 21”.

 

Investir em inovação tecnológica na saúde é impulsionar o desenvolvimento econômico e, principalmente, poupar vidas.

 

Obrigado e até a próxima leitura!

 

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