Sob uma análise menos técnica e mais mercadológica, já é possível perceber que 2023 foi um ano extremamente positivo para o mercado de eventos. Em todo o Brasil, grandes ações conectaram marcas e clientes e contribuíram de forma significativa para o desenvolvimento econômico.
Mas, é através da análise objetiva dos dados do setor que fica claro como o ano deve realmente ser celebrado. De acordo com dados divulgados pelo IBGE – Instituto Brasileira de Geografia e Estatística em parceria com o Ministério do Trabalho, somente no primeiro semestre o saldo acumulado na geração de emprego apresentou um crescimento de 42,3% no comparativa com o mesmo período do ano passado. Em termos absolutos, foram mais de 15 mil vagas em um total superior a 590 mil eventos realizados de acordo com a ABRAPE.
É claro que os bons resultados não se limitaram a geração de emprego e renda. No que tange o consumo do setor, a estimativa da movimentação financeira do primeiro semestre foi de 58,5 bilhões de reais, um valor que supera quase em 10 bilhões de reais os dados do último ano.
O momento é de celebração. Mas, há um longo caminho a ser percorrido em busca de uma excelência profissional no setor. Esse é o tema da nossa coluna. Boa leitura.
Presencial, online e híbrido: eventos de todos os formatos se destacaram em 2023
Durante o período mais delicado da pandemia de Covid-19 o setor de eventos encontrou uma forma de se reinventar: os eventos online. Já que o isolamento social era uma prerrogativa essencial para evitar o contágio da doença, as ações remotas transmitidas digitalmente ganharam evidência. Shows e apresentações musicais se transformaram em lives e os seminários e encontros corporativos utilizaram o suporte digital para acontecer.
Com o fim da pandemia, há quem decretasse o encerramento dessa era. A prática se comprovou contrária. No mercado atual, eventos presenciais, digitais e híbridos se tornaram modalidades consolidadas e, em alguns casos, contribuíram para aquecer o mercado.
Para se ter uma ideia da importância dos eventos digitais atualmente, pesquisas apontam que nas ações ligadas à área educacional e trabalho, muitas pessoas preferem, ainda hoje, o formato digital. Por outro lado, para comprovar também a harmonia entre as diversas propostas, 81% do público de eventos artísticos e culturais prefere ativações presenciais.
Outro dado importante é que de acordo com estudos na área, praticamente o total do público que se manteve em casa no período da pandemia, retomou as atividades presenciais com o relaxamento das medidas protetivas. Porém, alguns eventos não retornam ao ambiente físico devido aos altos custos. O momento é oportuno para reavaliar a política de preços do setor de forma a atender as demandas operacionais sem, entretanto, provocar um impacto muito agressivo no bolso dos participantes.
Como o hub do setor de eventos contribuiu para impulsionar a economia neste ano
Joinville é a maior cidade do estado de Santa Catarina e um dos principais destinos de eventos e ativações do sul do Brasil. Com uma infraestrutura completa para receber ações de pequeno, médio e grande parte, o município viver um período de efervescência e de acordo com as expectativas, o setor deve ser responsável por injetar mais de 43 milhões de reais na economia local neste ano.
Assim como acontece no norte catarinense, em praticamente todo o Brasil o hub setorial de eventos vem contribuindo de forma significativa para movimentar a economia no país. Dados da ABRAPE indicam que, atualmente, 3,8% do PIB brasileiro vem diretamente no setor, com um faturamento anual na ordem de 291 bilhões de reais.
Outo dado significativo, novamente ligado a questão da mão de obra, é que mais de 6,6 milhões de brasileiros tem sua atividade ligada ao setor, produzindo uma massa salarial que ultrapassa 71 bilhões.
Deixando as fronteiras do estado e analisando o maior mercado do país, dados da SPTuris indicam que o mercado de eventos com foco em negócios lazer deve movimentar mais de 30 bilhões de reais neste ano na capital paulista.
Vale lembrar que a amplitude da cadeia de profissionais envolvidas em um evento é diversificada, fazendo com que a geração de renda impacte muitos profissionais e, por conseguinte, muitas famílias. Os bons resultados do setor, que devem se manter durante o próximo ano, tem um papel de real significância dentro do desenvolvimento econômico nacional.
Grandes eventos, excelentes resultados
Para compreender de maneira global o excelente momento em que vive o setor de eventos brasileiro, nada melhor do que ter como fonte de estudo o maior mercado do país: São Paulo.
E, nessa análise, os números são realmente superlativos. Somente a movimentação financeira ligada ao carnaval realizado no sambódromo da cidade, por exemplo, foi superior a 201 milhões de reais. A Fórmula 1, outro evento esportivo que faz parte do calendário da cidade, trouxe mais de 1,64 bilhão de reais para a economia local. E o festival Lollapalooza Brasil 2023, por sua vez, atingiu mais de 930 milhões de reais em movimentação.
É evidente que números dessa natureza não se replicam em todo o país, e isso ocorre devido ao dinamismo de São Paulo. Porém, para os organizadores de eventos, esses dados comprovam que grandes eventos, quando bem feitos, tendem a produzir excelentes resultados.
Um dos principais interesses do público contemporâneo é viver experiências que agreguem valor e, nesse sentido, os eventos são fontes inesgotáveis de vivências. Investir em qualidade em todas as etapas de uma ação é uma estratégia cujo retorno tende a se manifestar da melhor maneira possível.
É tempo de celebrar, mas sem esquecer o que pode e deve ser aperfeiçoado
A turnê mundial da cantora norte-americana Taylor Swift, batizada como “The Eras Tour” já entrou para a história como uma das maiores bilheterias registradas. Após o sucesso avassalador nos Estados Unidos, a série de shows veio para a América Latina. No Brasil, um dos principais destinos da turnê latino-americana, infelizmente as notícias ligadas ao show não tinha relação apenas a qualidade técnica e artística das apresentações.
Diversos problemas como apreensão de veículos, falta de água e estrutura nos locais dos shows, falta de organização em muitas etapas do processo logística e, até mesmo a morte de uma fã foram acontecimentos que marcaram a passagem da cantora pelo Brasil e ganharam destaque na imprensa internacional.
Ainda que um evento dessa dimensão não seja rotineiro dentro do mercado nacional, os bastidores e acontecimentos que giraram no seu entorno podem e devem ser usados como uma importante fonte de informação e aprendizado para o setor. É absolutamente necessário profissionalizar ainda mais todas as ações que envolvem um evento. Não há mais espaço para amadorismo no setor. A exigência dos participantes cresceu em grande escala e cabe aos organizadores do evento entender essa nova realidade e não apenas atender, mas, verdadeiramente, superar as expectativas.
Para que no próximo ano os resultados mantenham-se positivos como os registrados em 2023, elevar o participante como o autentico protagonista de um evento é uma estratégia essencial.