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Coluna Ozinil Martins | Nada de novo debaixo do sol!
13 de Outubro de 2021

Coluna Ozinil Martins | Nada de novo debaixo do sol!

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Vai começar o espetáculo que se renova todos os anos. Certeza de que o roteiro será o mesmo, os artistas serão os mesmos com mudanças em alguns coadjuvantes, o cenário muito parecido com o que nos acostumamos há anos e o veículo transmissor os programas populares na TV aberta e as mídias sociais, normalmente, postados pelas próprias vítimas. Está começando a estação das chuvas que esperamos, apesar dos avisos da meteorologia, ajudem a recompor o nível de represas e reservatórios pelo país afora. Enchentes e alagamentos à vista! É o ciclo da vida que se repete ano após ano. 

Como algo tão previsível pode causar tantos estragos para, quase sempre, pessoas mais humildes? Como algo que se repete há tantos anos pode continuar atuante e sem perspectivas de solução, apesar de existirem soluções e elas estão disponíveis em alguns dos países mais preparados para enfrentar os “soluços” da natureza? Pois a estação das águas expõe a incompetência, a desídia, com que os gestores públicos tratam a coisa pública. Não são só, os mais de cem milhões de brasileiros, sem infraestrutura de água e tratamento básico de esgoto, não são só os milhares de brasileiros que se espremem em transporte coletivo, todos os dias, em busca do seu sustento e sobrevivência, não só os milhares de brasileiros que vivem em moradias precárias e, que nesta época do ano, vêem a chuva como ameaça e inimigo potencial, a cada vez que o céu escurece e adquire sua face mais dura com os menos favorecidos.

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Onde se escondem os gestores públicos responsáveis pelo planejamento das cidades? Primeiro se omitem, permitindo, com ajuda da Justiça, que pessoas ocupem áreas de preservação ou não adequadas a moradias (as moradias construídas no Rio de Janeiro, que só tomamos conhecimento quando alguma tragédia se concretiza, continuam a ser construídas pelas milícias que as ocupam); depois de fechar os olhos para as irregularidades nos loteamentos e construções passam a tentar as regularizações das áreas ocupadas em busca dos votos que lhes garantirão mais um mandato. 

O ciclo perverso da incompetência é tão claro que é possível predizer, com certeza, onde teremos enchentes, secas, em qualquer quadro que se desenha para os próximos anos. Por que em “Terra Brasilis” é tão difícil prever algo em benefício do povo? Por que, na maioria das vezes, só se atua após a tragédia consumada? Nos próximos meses veremos cenas de cidades alagadas pelos fortes temporais de final de tarde, carros sendo “engolidos” pela força das águas, pessoas arriscando suas vidas caminhando em meio a alagamentos, pois este é o cotidiano de brasileiros comuns em período de chuvas.

Enquanto isto, um país pequeno, sujeito a terremotos, tufões, enchentes periódicas, a cada tragédia vivida dá mostras de planejamento e urbanidade de seu povo. No Japão o povo é a prioridade e os políticos desonestos não sobrevivem. Não é atoa que o Japão, em comparação com o mundo, tem a maior parcela da população com curso superior (quase 70%). Onde a educação funciona, políticos desonestos não proliferam; são excluídos! Além de sofrer abalos sísmicos periódicos, quase sem consequências, já que as construções são preparadas para resistir aos abalos, a legislação sobre a retenção da água da chuva deveria servir de exemplo a países como o Brasil. O sistema de captação de água da chuva implantado em várias cidades japonesas permite garantir a não existência de enchentes e a preservação da água para épocas de maior seca. E, a Região Metropolitana Tóquio, com 37 milhões de habitantes, tem uma bacia de retenção subterrânea, composta por túneis e pequenas represas, que permite acumular 540 mil toneladas de água. Talvez um dia nossos políticos elejam como prioridade o país e o povo! Ah! No Japão não tem fundo eleitoral e nem horário eleitoral gratuito. Vamos sonhando…

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