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Coluna Ozinil | As lições que as urnas ensinam
17 de Novembro de 2020

Coluna Ozinil | As lições que as urnas ensinam

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Por Prof. Ozinil Martins de Souza 17 de Novembro de 2020 | Atualizado 17 de Novembro de 2020

Apesar dos fiascos protagonizados pelo Tribunal Superior Eleitoral – TSE – as urnas falaram e nos permitem fazer algumas análises a partir dos resultados apresentados. Primeiro é importante salientar que as eleições municipais são muito mais paroquiais do que uma prévia das eleições de 2022. As eleições municipais permitem coligações, as mais esdrúxulas possíveis, pois o que interessa é a penetração e a credibilidade das pessoas e os arranjos locais.

Em Florianópolis aconteceu o que se previa. Gean Loureiro elegeu-se no primeiro turno com alguma facilidade. Pode-se atribuir sua vitória ao governo realizador que fez durante seu período de gestão. Não podemos esquecer que ao assumir encontrou uma prefeitura em frangalhos e com dívida elevada; dívida que foi incrementada em sua gestão e está no patamar de 1 bilhão de reais e deve gerar um serviço da dívida de 150 milhões de reais ano. Portanto, terá que buscar dinheiro se quiser realizar o que tem prometido. A se considerar também, a derrota acachapante de Ângela Amim e da coligação PP/MDB. A comemorar, efusivamente, a eleição de 5 vereadoras que comporão a nova Câmara de Florianópolis. Manu Vieira simboliza bem o momento; primeiro por ser uma parlamentar do Novo, que a nível nacional tem revelado bons gestores públicos e, também, por que a Câmara precisa de um olhar mais atento às mulheres.

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Um dado a ser considerado e que mostra a importância da máquina pública e do instituto da reeleição é a de que, os prefeitos que realizaram boas gestões ou que assim foram analisadas pelos eleitores, se reelegeram com alguma facilidade. Rafael Greca em Curitiba, Alexandre Kalil em Belo Horizonte, Gean Loureiro em Florianópolis, Álvaro Dias em Natal, entre outros. É possível afirmar que os prefeitos que se candidataram à reeleição e não conseguiram êxito realizaram gestões muito aquém do que o eleitorado esperava. Nelson Marchesan Jr em Porto Alegre é um bom exemplo. Importante salientar que, no histórico das reeleições, em todos os níveis, o segundo mandato sempre foi menos significativo do que o primeiro. 

Uma observação, a princípio, que pode ser feita é a derrota pesada sofrida pelo Partido dos Trabalhadores, que corre o risco de não eleger nenhum prefeito de capital. Está no segundo turno em Vitória, com o ex-prefeito João Coser e, em Recife com Marília Arraes, neta de Miguel Arraes. O PSOL, que mostra um crescimento constante entre os jovens, parece mostrar a intenção de ser o catalizador da esquerda em todo o país. Guilherme Boulos em São Paulo e Edmilson Rodrigues em Belém estão na disputa no segundo turno e podem ser prefeitos de duas capitais importantes. Em São Paulo será uma disputa entre a esquerda light e a esquerda pesada e em Belém é uma disputa com forte cunho ideológico entre esquerda e direita, tal como acontece em Vitória entre Coser e o Delegado Pazolini..

Um dado interessante a ser abordado é a abstenção recorde superior a 23% dos eleitores cadastrados. A pandemia ajudou com certeza a agravar este número, mas não se pode esquecer a decepção com a classe política que teve forte renovação em 2018 e, que não se manifestou este ano no comando das capitais, preferindo o eleitor nomes consolidados. A se considerar, além das abstenções, os votos nulos e brancos que retratam a insatisfação do eleitor com nossos mandatários políticos. Agora é aguardar o segundo turno. 

Espero que a festa da democracia não se transforme, agora, em festa da Covid-19, pelas aglomerações provocadas e pelo não comprometimento de alguns com os cuidados que se faziam necessários.
 

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