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Coluna Nerd News | Crise editorial na Marvel
26 de Abril de 2017

Coluna Nerd News | Crise editorial na Marvel

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Diversidade foi considerada a chave para a Marvel Comics há pouco mais de um ano. A editora de personagens clássicos como Spider-man, Hulk, Capitão América e Thor via na representatividade a chance de atrair novos leitores. Para isso, diversos heróis antigos perderam seus postos para dar lugar a outros. Agora, uma crise editorial na Marvel coloca em xeque todas essas mudanças. O que vem por aí?

Diversidade como mapa do sucesso na Marvel
O estereótipo considerado perfeito, até então, para um super-herói ganhou concorrência na Casa das Ideias. Soldado caucasiano que leva a bandeira dos Estados Unidos no peito foi substituído por um homem negro de origem humilde. Do mesmo modo, a heroína loira e com o corpo perfeito deu lugar a uma adolescente paquistanesa com problemas de auto-estima. Vimos também o gênio, bilionário, playboy e filantropo ser substituído por uma estudante negra.

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Surgiu então uma nova geração, que mudou completamente o status quo da Marvel nos quadrinhos. Steve Rogers, o Capitão América que podemos ver nos cinemas, perdeu seus poderes e Sam Wilson, o alterego do Falcão, assumiu o manto do herói. Carol Danvers, a atual Capitã Marvel, deixou o título de Ms. Marvel para a jovem garota de origem paquistanesa Kamala Khan. Peter Parker, por sua vez, não deixou de ser o Homem-Aranha, no entanto, o herói também ganhou uma nova versão: Miles Morales.

No entanto, a mudança que gerou mais barulho entre os fãs de HQs certamente foi a do Homem de Ferro. Isso porque muitos dos fãs o conheceram por conta dos filmes da Marvel Studios. E seu diferencial nas telonas pode ter sido justamente a interpretação de Robert Downey Jr. Sendo assim, desassociar a imagem inicial do Iron Man como Tony Stark acabou incomodando boa parte dos leitores. O herói arrogante, que entrou em coma profundo após o fim de Guerra Civil 2, foi substituído por Riri Williams.

Riri é uma estudante de 15 anos que entrou ainda muito jovem no MIT, a mais concorrida universidade de tecnologia dos EUA. Com inteligencia muito acima da média, ela constrói sua própria versão da armadura do Homem de Ferro. Para isso, ela acaba utilizando materiais roubados pelo campus. Williams, ao contrário de Stark, pode até ser gênio e ter boas intenções, mas está longe de playboy e bilionário.

 

Reflexo nas vendas
Apesar da premissa excelente, as histórias não geraram boas receitas para a editora. Os números de vendas de quadrinhos nos EUA no último mês destacam isso. Na lista das 15 revistas mais vendidas, apenas três são da Marvel Comics – sendo duas delas relacionadas a Star Wars e apenas uma de super-herói: O Espetacular Homem-Aranha.

Por outro lado, a concorrente DC Comics emplacou 11 títulos na lista, sendo todos eles relacionados a heróis. Também é possível identificar, na lista, que as HQs mais vendidas da DC acabam por trazer histórias de personagens e supergrupos mais clássicos, como Batman, Liga da Justiça e Flash.

Crise editorial na Marvel
Dados os péssimos números de vendas de quadrinhos, executivos da Marvel reuniram lojistas parceiros para discutir soluções. Entre os tópicos abordados na reunião estiveram, de acordo com o site Bleeding Cool, a descaracterização de personagens clássicos em troca da inclusão de minorias. Também foram conversados temas como a constante reinicialização da numeração por conta de inúmeros eventos que acontecem simultaneamente, as equipes criativas e a política editorial.

Em entrevista publicada no site Cabana do Leitor, o vice-presidente de marketing e vendas da editora, David Gabriel, falou sobre possíveis mudanças a partir dos fracassos atuais. “Vimos as vendas de qualquer personagem que fosse diverso caírem. Qualquer herói que fosse novo, personagens femininas, qualquer coisa que não fosse um personagem principal da Marvel, as pessoas estavam virando o nariz contra. Isso foi difícil para nós. Tínhamos muitas ideias frescas, novas e excitantes que estávamos tentando e nada de novo realmente funcionou”, explicou.

Em resumo, na busca por atrair um novo público para as bancas, a Marvel falhou. Ao mesmo tempo que não conquistou novos leitores, acabou por afastar fãs antigos, que também não se propuseram a ler as histórias renovadas. O resultado são números catastróficos em vendas e um novo reinado da maior concorrente no mercado. Mas o que será feito para distanciar tal crise editorial na Marvel e voltar aos bons tempos? 

 

Marvel Legacy
Se você achava que reboot era coisa somente da DC Comics, você estava enganado. Isso porque a Casa das Ideias anunciou uma nova mega saga que irá trazer os heróis clássicos da editora aos quadrinhos periódicos. Em entrevista, o editor-chefe Axel Alonso garantiu que, desta vez, não teremos nenhuma grande morte de personagem antigo, no entanto, as histórias impactantes estão garantidas.

Aparentemente, o retrato da saga Marvel Legacy coloca na diversidade a culpa pelos recentes fracassos da editora. Este colunista, no entanto, não acredita que esse tenha sido o fator que levou a Marvel Comics aos péssimos números em vendas. A questão aqui não foi apresentar um personagem negro, de origem paquistanesa ou baseado na Beyonce. 

O verdadeiro ponto é que muitos dos novos leitores de quadrinhos começam a comprar HQs para saber mais das histórias exibidas nos cinemas. Para o público recente, o primeiro contato com super-heróis é por meio das telonas – e não mais pelas páginas de revistas. Desta forma, o leitor procura ler aquilo que vá complementar, de alguma maneiro, o que estava sendo apresentado nos filmes. E aí, ao comprarem uma HQ do Homem de Ferro na qual Tony Stark não é o homem por baixo da armadura, a história torna-se desinteressante antes mesmo de chegar à premissa.

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