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Coluna Inovação | Transformação digital ou corrida pela sobrevivência?
16 de Julho de 2020

Coluna Inovação | Transformação digital ou corrida pela sobrevivência?

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Por Fabricio Umpierres Rodrigues 16 de Julho de 2020 | Atualizado 16 de Julho de 2020

Imagem: Colin Anderson Productions pty ltd/Getty Images

 

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O mantra “transformação digital” ajudou a alimentar muitos serviços de consultoria, propostas de implantação de projetos e trocentos mil artigos de opinião pela web. Termo bonito, conectado com as demandas de mercado, bom gerador de histórias e tal… mas eis que uma pandemia atravessa nosso caminho e nos obriga, por um tempo ainda indeterminado, a manter relações pessoais e profissionais à distância. 

O digital ganhou outra dimensão neste 2020. Deixou de ser algo descolado para ser algo obrigatório. E não tem nada de inovação nisso, mas sim de sobrevivência. Um dos mercados que tenho acompanhado de perto nos últimos tempos, e que era sinônimo de anacronismo digital até anteontem, é o de construção civil e imobiliário, como já abordei recentemente em uma coluna no Acontecendo Aqui

Um recente estudo desenvolvido pela consultoria Deloitte e a empresa de investimento em construtechs Terracotta Ventures, chamado “Construção do Amanhã”, mostra que apenas 28% das mais de 200 corporações de construção civil ouvidas tem algum interesse em investir em startups para avançar no desenvolvimento de novos produtos e serviços. E que apenas 20% destas empresas dão algum estímulo para projetos inovadores por parte de seus funcionários.

Uma das conclusões deste estudo é que, de maneira cada vez mais acelerada, os processos de inovação e adoção de novas tecnologias estão se tornando uma commodity. “Aquilo que uma vez foi um diferencial é parte do jogo obrigatório do mercado, pois a concorrência se tornou mais complexa e novas ofertas podem surgir de todos os lados”, comenta Bruno Loreto, cofundador da Terracotta Ventures.

E esse jogo obrigatório do mercado deu uma zerada com a pandemia. Todo mundo entra no tabuleiro de negócios bastante balançado e, com o público consumidor no mesmo local: o online. Então, não adianta mais falarmos em transformação digital – agora é do or die, vai ou racha. E inovação, também, será a maneira como você chega melhor, ou mais rápido, a quem você quer atingir. 
 

AUMENTO DE FUSÕES E AQUISIÇÕES MARCA NOVO MOMENTO ECONÔMICO

Um reflexo dessa corrida pela sobrevivência no novo tabuleiro de negócios é o aumento de casos de fusões e aquisições. De cima a baixo e também entre empresas de porte semelhantes. Otimizar processos, reduzir custos e baixar a guarda entre concorrentes para fortalecer presença no mercado tem sido uma tônica nos últimos meses. E isso tem impactado diretamente empresas do ecossistema de tecnologia em Santa Catarina.

Na semana passada, a Trybe, escola/startup voltada a desenvolvedores de software, que estava capitalizada após um round de R$ 42 milhões recebido no início do ano, adquiriu a catarinense Codenation, que atuava há pouco mais de três anos no mesmo mercado. No mês passado, a startup manezinha Reviewr juntou as escovas com a gaúcha Gorila e agora as duas são uma só com a marca Harmo.

Outra novidade dos últimos dias é a nova configuração entre duas gestoras de fundos de capital de risco para startups, a catarinense Bzplan e a mineira FIR Capital, que já atuavam de maneira conjunta mas que passam, também, a ser uma única empresa, a Invisto. Todos os sócios de ambos os lados – Marcelo Wolowski, Marcelo Amorim, Anderson de Andrade, André Emrich e Geraldo Moura – seguem na operação. E nos próximos meses eles devem divulgar novos investimentos em pelo menos 4 scale-ups da região Sul, como a empresa antecipou ao podcast do SC Inova.

Esse movimento do mercado de capital de risco nos lembra que o mundo não acabou, que teremos um ambiente de negócios (e a própria sociedade) bem diferente no pós-pandemia, que o home office veio pra se consolidar, que novos modelos de negócio estão recém começando a surgir e que… transformação digital foi tudo aquilo que fizemos nos últimos quatro meses para mantermos a roda girando, vivendo e trabalhando à distância de um vírus perigoso.

Transformação digital não é mais futuro, é passado.

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