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Coluna Inovação | Não se trata de uma corrida de unicórnios
12 de Agosto de 2019

Coluna Inovação | Não se trata de uma corrida de unicórnios

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Por Fabricio Umpierres Rodrigues 12 de Agosto de 2019 | Atualizado 12 de Agosto de 2019

 

Foto: frame de Blade Runner, Ridley Scott (1982) 

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Os míticos animais de um chifre só, que se tornaram a representação de empresas inovadoras com valor de mercado superior a US$ 1 bilhão, povoam a imaginação de muitos empreendedores, investidores e de quem acompanha o cenário de startups em qualquer lugar do mundo. A imprensa especializada e os formadores de opinião também acompanham de perto o surgimento de startups que atingem esse patamar, afinal, o nível de sucesso de um determinado ecossistema de tecnologia é medido muitas vezes pelo número de unicórnios que habitam esse ambiente. 

O Brasil começou a ver seus primeiros espécimes no ano passado e, vitaminados pela grana de fundos de capital de risco e grandes empresas internacionais (especialmente da China e do Japão), eles começam a surgir em maior número agora em 2019. Casos da Gympass (rede de academias), que recebeu um cheque de US$ 300 milhões em abril, e da startup de logística Loggi, que recebeu US$ 150 milhões do mesmo fundo – o japonês Softbank – em julho. Detalhe: os unicórnios verde-amarelos estão concentrados em São Paulo. 

Ué, mas e o polo de tecnologia de Santa Catarina, tão referenciado país afora, não vai ter um bicho desse também?

Amigos leitores, o desenvolvimento de um ambiente robusto de inovação – ainda mais em um estado pequeno, sem tanto acesso a capital – não pode ser comparado a uma corrida de unicórnios. Até poderemos ter, e isso pode acontecer daqui a pouco, alguma manezinha valendo mais de US$ 1 bi, e isso seria fantástico. Mas essa não pode ser, nesse momento, a régua. 

Enquanto estamos um pouco mais distantes do radar do big money – e, convenhamos, todas as demais cidades brasileiras que não se chamam São Paulo também estão – o que está sendo criado em Santa Catarina é um ambiente com cada vez mais empresas de pequeno e médio porte crescendo, aumentando o bolo da economia local, o número de empregos e, como um moto contínuo, apoiando o surgimento de novas empresas que se alimentam do que se chama de ecossistema (programas de capacitação, incubadoras, aceleradoras, universidades, entidades empresariais, etc). 

É o que poderá ser acompanhado em uma série de palestras e paineis no Startup Summit, que começa na quinta que vem (15.08), no Centro de Convenções de Canasvieiras. Entre os destaques da abertura está a conversa sobre os desafios de criar uma empresa com os próprios recursos (bootstrapping), sem investidores externos, como o CEO da Involves, André Krummenauer, detalha na plenária. Por outro lado, como é a vida de empreendedores que já venderam suas startups? Quem responderá são cofundadores e sócios de empresas como Decora/Creative Drive (Florianópolis), Hiper (Brusque), Total Voice (Palhoça) e Conaz (Florianópolis), que levam seus cofundadores para um bate-papo em conjunto. Todas elas, com negócios realizados entre 2018 e 2019, foram adquiridas por grandes players nacionais ou internacionais. 

Um dos “segredos” do desenvolvimento do setor de inovação em Santa Catarina, o relacionamento entre grandes empresas e startups, seja por meio de programas próprios (corporate venture), projetos de inovação aberta ou aceleradoras. No caso dos programas próprios, destaque para os modelos desenvolvidos por corporações como a Flex e a Softplan, duas das maiores empregadoras do setor de TI no estado. Os resultados da interação via open innovation, como o LinkLab da ACATE, serão compartilhados por executivos da Engie, Brognoli Imóveis e Faculdade Cesusc, algumas das mantenedoras do programa. 

Há muito mais a se enxergar e estudar, quando se fala na Nova Economia em Santa Catarina, do que a busca incessante por um grande bicho que ainda nem existe.

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