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Coluna Inovação | Crianças, não tentem aprender da mesma maneira que seus pais
02 de Maio de 2019

Coluna Inovação | Crianças, não tentem aprender da mesma maneira que seus pais

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Por Fabricio Umpierres Rodrigues 02 de Maio de 2019 | Atualizado 02 de Maio de 2019

Foto: Fabrício Rodrigues / SC Inova

As habilidades digitais “nativas” de crianças e adolescentes nascidos no século XXI criaram uma grande interrogação para professores e educadores no novo ambiente de sala de aula. Como formar cidadãos capazes de entender os desafios de um mercado e uma sociedade que estão em constante transformação? Bem, é só não aprender as coisas da maneira como fomos doutrinados: repetindo o exercício do livrinho, esperando a lição do professor, decorando o conteúdo até passar de ano e depois tchau praquela papagaiada.

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“Nós aprendemos mais em um disco de três minutos do que em todo tempo de escola”, provocou Bruce Springsteen em seu hit “No Surrender”. A música é de 1984, ano em que fui matriculado na pré-escola, um ambiente em que meninos e meninas tinham que passar o recreio isolados uns dos outros, e que um sinal de discordância dos professores poderia render de uma reprimenda a até mesmo uma reguada de madeira.

Pois bem, agora é 2019 e novas tecnologias e modelos disruptivos de negócio vêm para acabar com coisas tão caras naqueles tempos, como carreiras estáveis cumprindo horários e regras. O que a Geração Z – a turminha nascida a partir de 2001 – ignora completamente é a necessidade de alguém mais velho ter que ensiná-los a usar qualquer coisa digital. Eles, pelo contrário, é que são os professores de muitos marmanjos.

Isso explica a importância de pensar na educação como uma ferramenta ativa para a criançada, algo que está sendo aplicado mundo afora com a chamada “Educação Maker”, o mão na massa, o faça você mesmo. Fui conhecer recentemente um dos espaços de Educação Maker do SESI, que fica em um dos ginásios da Astel, em Florianópolis. Esta é uma das 13 unidades pelo estado, que ao todo recebem mais de 3,5 mil crianças e adolescentes – de 7 a 17 anos – para aulas de 4h por semana no contraturno escolar. A primeira surgiu em Blumenau, há dois anos.

“Trazemos as tecnologias como possibilidade de exploração, para deixar de criar usuários passivos de tecnologia para serem exploradores dela, por meio de impressoras 3D, cortadora laser, softwares open source, games… assim eles podem se tornar também desenvolvedores de novas tecnologias”, resume Maria Tereza Paula Hermes, gerente de educação básica da Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC). O programa em SC inclui oficinas de Comunicação & Mídias (cinema, artes cênicas e novas ferramentas de comunicação digital), Tecnologia & Robótica (práticas com Lego, Arduíno, Raspberry Pi, impressora 3D etc.), Matemática, Ciências e Descobertas. O pioneirismo do projeto catarinense já atraiu educadores e representantes da indústria de outros estados, como São Paulo, RIo Grande do Sul e Rio de Janeiro.

Em abril passado, duas equipes catarinenses que participam de espaços de Educação Maker de SC foram destaque em um dos principais torneios de robótica dos Estados Unidos, a First Championship, que reuniu estudantes de 60 países em Houston: representando Blumenau, a Techmaker – formada por seis alunos de escolas públicas e privadas – ficou em 12o. lugar no Desafio do Robô e venceu o troféu “Gracious Professionalism”, concedido ao grupo que mais demonstra respeito entre os colegas do time e os demais competidores. A outra participante catarinense foi a AgroRobots, com estudantes de Seara e Concórdia, que obteve o 14º melhor desempenho no Desafio do Robô entre as 108 equipes participantes.

Entre as principais mudanças percebidas no comportamento dos alunos está a nova postura com relação aos desafios propostos. “Não precisa de manual nem de professor para replicar os exemplos. A metodologia de aprendizagem é baseada em projetos, desenvolvimento de competência e trabalho em equipe, se errar não tem problema, é uma possibilidade de aprendizado. As habilidades socioemocionais são colocadas em prática no trabalho em grupo”, diz Tiago Castanho, supervisor de educação no espaço de Educação Maker de Florianópolis.

Como diz quem conhece do riscado, uma startup de sucesso começa quando um empreendedor encontra um bom problema a ser resolvido. E se este empreendedor tiver o estímulo desde pequeno – trabalhando bem em equipe, com pró-atividade e vontade de aprender, sem medo de errar – fica muito mais fácil gerar novos negócios disruptivos.

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