Os sistemas dominaram nosso dia a dia. E estamos cada vez mais abertos para sermos geridos por eles, seja por plataformas que compreendem nossos gostos e indicam filmes e músicas, ou por aplicativos que ajudam na gestão do trabalho, no deslocamento e até para banalidades. Isto é, compartilhamos (por prazer ou necessidade) uma montoeira de dados que ajudam a explicar nossas preferências e que são uma mina de ouro para empresas que querem entender e oferecer serviços de acordo com o comportamento caótico desse “novo consumidor digital”.
Mas a velocidade das novidades é tal que, no timing tradicional de corporações e seus planejamentos, muitas inovações mal conseguem sair do papel. E, quando saem, já chegam ao mercado repletas de concorrentes. É por isso que grandes empresas começam a se valer cada vez mais da agilidade e flexibilidade das startups para desenvolver inovações para seus públicos.
“O mercado se transforma em uma velocidade impressionante, nunca foi tão difícil criar planejamentos que acompanham as mudanças na mente do consumidor”, me disse George Eich, publicitário que foi um dos fundadores da Coblue, startup com sede em Itapema (SC) e que desenvolveu um software para gestão focado em uma metodologia que já é clássica nas empresas de TI do Vale do Silício, os OKRs (Objective and Key Results). Nesse curto espaço de tempo, a Coblue já fez trabalhos para mais de 100 empresas e faturou cerca de R$ 1 milhão em 2016.
Não é uma receita de bolo, mas a ideia dos OKRs é simples: as empresas definem o objetivo principal que querem alcançar no próximo ano, por exemplo, e quais são os resultados-chave que, revisados a cada três meses, mostram se o objetivo está mais próximo ou distante. Assim, afirmam os especialistas, a gestão fica orientada a resultados e indicadores claros, medidos com mais agilidade.
O crescimento da procura por essa ferramenta em Santa Catarina fez a empresa se unir a outra especialista em gestão, a consultoria VEC, para criar um evento só sobre o assunto, o OKR Day, que acontece na próxima terça (22.11), na sede da Softplan, em Florianópolis. “Santa Catarina tem um ecossistema muito dinâmico e algumas das mais inovadoras empresas do país. É um ambiente propício para as empresas trabalharem com indicadores” afirma Miguel Rivero Neto, da VEC. Nos últimos dois anos, a VEC já capacitou cerca de 2 mil pessoas e implantou a metodologia em mais de 40 empresas e entidades.
Pra quem se interessou nesse assunto, a entrevista completa com George e Miguel está aqui no SC Inova. Confiram!
Inteligência artificial: o pulo do gato para analisar grandes dados
A utilização de inteligência artificial para “minerar” um volume gigantesco de dados foi o que impulsionou uma startup aqui de Florianópolis, a Aquarela, que agora está ajudando a Embraer no projeto de indústria 4.0 da maior empresa de inovação do Brasil. Em setembro passado, a Aquarela recebeu um investimento do Fundo Aeroespacial, que tem como cotistas a própria Embraer e também o BNDES, Finep e o programa paulista de inovação Desenvolve SP. Entre as empresas nacionais que usam a plataforma estão Algar Telecom, Benner Sistemas, Flex Contact Center, entre outras. O custo médio mensal do serviço varia de R$ 15 mil a R$ 20 mil e envolve capacitação e consultoria para uso da plataforma.
Batizada de VORTX, a plataforma desenvolvida pela Aquarela tem servido não só para negócios mas também para trabalhos voluntários, como os estudos feitos para a Operação Serenata de Amor, projeto que usa dados abertos para combater práticas ilegais no setor público brasileiro – como o gasto indevido de verbas por deputados federais. Em outros estudos, a Aquarela apresentou um ranking de uso do dinheiro público por deputados, partidos e estados da federação, além de uma análise sobre o índice de suicídios dentro das estatísticas oficiais de óbitos, ação que foi parte do engajamento da empresa na campanha Setembro Amarelo.
Segundo Joni Hoppen, um dos fundadores da Aquarela, o pulo do gato para o futuro da inteligência artificial ligada ao grande volume de dados é usá-la para “descobrir coisas que você não descobriria só no olho. Os algoritmos podem ser usados como uma prótese cognitiva para ajudar a encontrar as agulhas no palheiro”.