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Coluna Fabrício Wolff | Verão e pandemia: acontece o óbvio
16 de Dezembro de 2020

Coluna Fabrício Wolff | Verão e pandemia: acontece o óbvio

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Por Fabrício Wolff 16 de Dezembro de 2020 | Atualizado 16 de Dezembro de 2020

Créditos: Divulgação

 

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Era de se esperar. Os governantes que tomam as decisões sobre o que pode e o que não pode na pandemia, notaram que, no verão, não teriam como segurar as pessoas. Renderam-se ao óbvio: não vale a pena o enfrentamento com a população, até porque a imensa maioria não aguenta mais tantas restrições e policiamento, apesar da ciência de que o momento é ímpar. Mais até do que os prejuízos para a movimentação econômica, proibir praias seria atiçar fogo no palheiro. Não haveria cadeia para tantos “ilegais”, porque as pessoas iriam confrontar possíveis medidas mais restritivas.

No balanço da situação, os governantes usaram o bom senso. É certo que a ocupação de UTIs está alta e há a preocupação de um colapso no sistema de saúde. Mas há muito mais entre máscaras e UTI do que supõe nossa vã filosofia. Pessoas estão adoecendo por causa da Covid sem contrair o vírus. Os números de pacientes com ansiedade, depressão e outros males psicológicos subiram de forma assustadora, segundo relatos clínicos. As pessoas mudaram alguns hábitos, mas muitas foram mais fundo e, por razões de saúde ou medo, renunciaram à vida como a conheciam.

Se no início da pandemia foi fácil empurrar as pessoas para dentro de casa, para a clausura, os governantes viram que, agora, seria bem diferente. O lockdown catarinense se deu na segunda quinzena de março, finalzinho do verão, e tudo era novidade. O alarmismo contundente de parte da mídia colaborou para que as pessoas, temerosas, obedecessem e se trancassem em casa. Em Florianópolis, houve até excessos como tempestade de areia provocada por helicóptero da polícia para correr com banhistas da praia. Porém, na medida em que o tempo foi passando, os catarinenses foram cansando. Recentemente, em Blumenau, fiscais da prefeitura apanharam em um bar, quando foram cobrar cumprimento às regras sanitárias.

O povo cansou porque foi bombardeado pelo tema. Também foi verificando, com o passar do tempo, que o índice de mortalidade gira em torno de 1% dos infectados e que para a imensa maioria das pessoas, os sintomas são leves. Isto fez com que grande parte das pessoas dominasse aquele medo inicial, passasse a questionar algumas medidas mais restritivas e naturalmente relaxasse com alguns cuidados. O exagero do início foi substituído pelos mínimos cuidados necessários, comumente o álcool em gel, a máscara e evitar lugares fechados com aglomeração. Diante desta realidade, não havia outra saída aos governantes, se não se render aos fatos.

O que este relaxamento das medidas restritivas em relação às praias, neste momento em que o verão inicia, comunica? Que tanto no Governo do Estado quanto em prefeituras – muito especialmente do litoral catarinense, os governantes entenderam o recado de que não é possível mais segurar a vontade das pessoas em voltar à vida plena (ainda que com alguns cuidados obrigatórios, como entrar em estabelecimentos de máscara). Agora, cabe a eles torcer para que a tal vacina chegue logo para que os catarinenses possam aproveitar mais a vida, livres de tantas regras. Que 2021 seja um ano bem mais leve…

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