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Coluna Fabrício Wolff | Quando a selfie queima o filme
02 de Junho de 2017

Coluna Fabrício Wolff | Quando a selfie queima o filme

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Por Fabrício Wolff 02 de Junho de 2017 | Atualizado 02 de Junho de 2017

O caso dos policiais civis que tiraram uma selfie tendo como fundo uma viatura da PM logo após a prisão de seis policiais militares acusados de tortura, em Balneário Camboriú, causou o mesmo estrago à imagem da segurança pública catarinense – se não mais – do que o próprio caso de tortura. A foto, claro, foi postada nas redes sociais. E uma imagem pode valer muito mais do que mil palavras. Não são de hoje as rusgas entre as corporações policiais civil e militar, mas o auto-retrato clicado por um policial civil dando toda a ideia de que estava ironizando a situação vivida pelos detidos PMs escancarou não só a situação, mas o despreparo de alguns para o uso das redes. Afinal, ao expor fotos, momentos e opiniões em público, também se está praticando a comunicação.

 A tal selfie causou constrangimento público às autoridades de segurança do Estado de Santa Catarina e é claro que a desculpa dos civis de que a foto era só um registro de dois colegas que se encontraram, só cola para a burocracia oficial. Tão importante quanto a difícil convivência entre policiais militares e civis, no entanto, é a falta de habilidade de algumas pessoas para lidar com a comunicação nas redes sociais. Foi o caso dos policiais civis que postaram a polêmica foto, mas é o caso de muita gente no dia a dia do mundo da comunicação cibernética que, na verdade, faz parte da nossa vida cotidiana assim como sentar à mesa para uma refeição ou ir ao banheiro.

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Apesar dos alertas para a necessidade de bom senso no uso das redes sociais, muita gente ainda se expõe de forma quase infantil ao ridículo, ao constrangimento, ao perigo. Não sabem se comunicar. Não conhecem o poder que tem a ferramenta chamada web. Não tem noção do quanto podem se prejudicar ao se exporem indevidamente. Ultrapassando o caso específico da selfie dos policiais, todos os dias temos pessoas fazendo auto-fotos que as colocam em situação, no mínimo, questionável. Quanto ao gosto, quanto ao conteúdo, quando à inteligência. 

Mas não são só as selfies que desnudam capacidade intelectual, equilíbrio psicológico, formação de caráter, bom senso – algumas chamadas virtudes básicas para o convívio social. Postagens de conteúdo, comentários em postagens alheias e até mesmo textos mal escritos tendem a queimar o filme de internautas sem noção da reverberação e amplitude das redes sociais. Não é difícil ver postagens que revelam posições polêmicas ou até ilegais, comentários que agridem, caluniam e nada constroem, e textos com tantos erros gramaticais que propalam a ignorância daquele que o escreveu – fato muito comum, por exemplo, em grupos de venda e troca do facebook.

Ignoram estes que a imensa maioria de departamentos de recursos humanos de empresas e de agências de emprego só avançam na possibilidade de uma contratação depois de uma boa verificada nas redes sociais do candidato a emprego; que países como os Estados Unidos investigam até as redes sociais do pretenso viajante para, só depois, decidir se carimbam ou não o visto; que a sua comunicação nas redes sociais mostra muito de quem você é – inclusive se você é apenas mentiroso, porque o mundo virtual nada mais é do que uma extensão do mundo real. Comunicar é uma arte. É através da comunicação que se estabelecem as relações sociais. Foi através da comunicação que o homem, desde os tempos das cavernas, iniciou um processo de socialização. Cabe a cada um saber usar este poder para seu próprio benefício ou para sua ruína.

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