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Coluna Fabrício Wolff | Investir em educação, eis a questão
09 de Maio de 2019

Coluna Fabrício Wolff | Investir em educação, eis a questão

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Por Fabrício Wolff 09 de Maio de 2019 | Atualizado 09 de Maio de 2019

Não há qualquer dúvida de que investimento em educação é o que pode mudar um país. Sabemos disso desde sempre. Também pelos discursos políticos que, de dois em dois anos nos lembram desta prioridade, mas especialmente pelos exemplos de países de primeiro mundo que mudaram a vida das pessoas, da nação, com densos investimentos em educação. Claro que na maioria deles, a cultura também ajudou muito. Não a cultura entendida de maneira simplista como as manifestações artísticas, mas aquela cultura arraigada na história de um povo que consegue fazer as pessoas que o compõem discernirem entre o certo e o errado.

O investimento em educação só dá certo quando há um povo com cultura (de verdade, sentido latu sensu) para entender a importância disto e valorizar este investimento. Este entendimento precisa ser cultural, ir do estudante ao presidente da República, passando pelos professores e por todos aqueles que integram uma sociedade. É preciso que todos saibam onde é necessário chegar e o que é preciso fazer para que isto aconteça. É necessário que todos convirjam para o mesmo objetivo, esquecendo ideologias, malemolências (= preguiça, jeitinho etc), ranços e pseudo-intelectualidade. Todos precisam enxergar que o Brasil precisa crescer pela educação, o que reverterá em bônus para todos os atores deste processo e para toda a sociedade. 

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Fora isto, não existe investimento. Existe má aplicação dos recursos públicos. E todo recurso público mal aplicado é desperdício de dinheiro, de tempo, de energia. Enquanto os atores deste processo ficarem brincando de cabo de guerra com o discurso da mais valia, ou atuando ideologicamente puxando para lá ou para cá, ou cumprindo a técnica do conteudismo (ou “conhecimento decoreba), ou ainda passando pela sala de aula por obrigação como forma de “cumprir tabela” tendo um canudo como objetivo, continuaremos com os pés fincados no terceiro-mundismo. 

Enquanto isto continua acontecendo, vale tudo: o ensino vira mercado*, as empresas de educação enriquecem enquanto o conhecimento dos alunos empobrece (com o ensino à distância, ainda mais), o ensino público vai caindo pelas tabelas em escolas com cada vez mais dificuldades de sobrevivência e as verbas da educação tornam-se cada vez mais manipuláveis e os brasileiros continuam batendo palmas para o primeiro mundo.

Não se pode sequer reclamar de quando um presidente resolve tirar recursos financeiros do ensino superior prometendo colocá-lo no ensino básico e/ou fundamental. Nossos estudantes* estão chegando às universidades sem saber escrever direito e com extrema dificuldade para efetuar as quatro operações básicas da matemática. Pedir compreender ou interpretar um texto, é quase uma heresia. A pobre intelecção já é muito. Exemplos não faltam nas redações dos Enem´s da vida, nas provas acadêmicas, nas redes sociais. A ignorância é tanta que praticamente todo mundo se sente à vontade para opinar sobre temas sobre os quais desconhecem, com discursos violentos repletos de xingamentos e mais repletos ainda de erros de português.

Se os recursos forem efetivamente investidos no ensino básico, pelo menos teremos estudantes chegando nas universidades sabendo escrever corretamente. E quem sabe neste caminho até lá, não agridam professores, não decepcionem mestres e pais, não desrespeitem a inteligência alheia. Precisamos de uma ultra união em prol da educação. Mas para isso precisamos de uma nova cultura. Difícil, quase impossível… mas nunca é tarde para tentar, nem para começar.

Na próxima coluna, o tema ensino continuará em voga aqui na coluna. A abordagem será a desnecessidade das universidades federais.

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* Não há regra sem exceção, por isso a generalização nunca é bem vinda. Porém, quando é regra, é porque a imensa maioria compõe neste quadro. 

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