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Coluna Fabrício Wolff | De Jesus Cristo a Joseph Goebbels
06 de Julho de 2017

Coluna Fabrício Wolff | De Jesus Cristo a Joseph Goebbels

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Por Fabrício Wolff 06 de Julho de 2017 | Atualizado 06 de Julho de 2017

A comunicação é fundamental para a sociedade. Disso só duvida quem se comunica mal. Foi ela, aliás, esta tal “comunicação” que permitiu o início do processo de vida em sociedade. Através de pinturas em cavernas e pedras, de grunhidos e gestos, os homens das cavernas buscavam comunicação entre si e com o futuro, estabelecendo um elo entre eles e as próximas gerações. Nenhum grupo humano prescindiu da informação. Mesmo antes de conhecerem a escrita, transmitiam aos seus semelhantes, sua tribo, com regularidade e frequência, os fatos de interesse do grupo como a caça do dia ou a aproximação de inimigos. Eles já faziam jornalismo muito antes da humanidade saber escrever.

Porém, a comunicação tornou-se tão importante para a organização social que algumas cabeças pensantes conseguiram utilizá-la de maneira superlativa para interesses específicos. O homem e profeta Jesus Cristo, por exemplo, foi mestre em publicitar sua causa ao mundo. Morreu por ela e deixou a mensagem de que o exemplo vale mais do que mil palavras. Usou como estratégia comunicativa a peregrinação e a pregação. A ferramenta era a palavra oralizada. Comunicou tão bem que depois de desafiar o império romano, tornou-se o profeta mais conhecido do planeta e inspira boa parte do maior best sellers de todos os tempos. 

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Por outro lado, foi somente na Alemanha nazista do Ministro da Propaganda Paul Joseph Goebbels que se vislumbrou a comunicação como parte fundamental da estratégia de influenciar o pensamento de multidões para objetivos específicos. Ele utilizou ardilosamente os meios a seu dispor para implantar a ideologia do Reich ao povo alemão. Doutor em filosofia, usou como ninguém a propaganda para formar opinião. Convenceu Hitler à guerra total. Tornou-se tão importante no esquema de Adolf Hitler que, ao suicidar-se no dia 30 de abril de 1945, o führer deixou testamento nomeando Goebbels como seu sucessor. Foi chanceler da Alemanha por um dia. O próprio Goebbels se suicidou, junto da mulher, no dia 1. de maio de 45 (e sua “obra” ainda merece um texto específico nesta coluna).  

A comunicação continua sendo fundamental para a sociedade, no seu cotidiano. Muito além da comunicação profissional feita por publicitários e jornalistas, ela é célula mãe da vida em comuna. E com tamanha importância para o desenvolvimento humano e social, é bastante óbvio que ela continua sendo utilizada também com sagacidade para manter ou mudar interesses muito específicos. Das mazelas da política nacional aos interesses econômicos mundiais, da lida comunitária por espaços de poder em pequenas associações à incitação de posicionamentos que tem como único objetivo desgastar o detentor do poder em grande escala, a comunicação é utilizada diariamente – muito especialmente neste tempo de redes sociais – como um jogo de interesses que vislumbram o alcance de objetivos (nem sempre nobres). Inocente de quem compra uma idéia sem muita reflexão.

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