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Coluna Fabrício Wolff | A bolha política das redes sociais
04 de Dezembro de 2020

Coluna Fabrício Wolff | A bolha política das redes sociais

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Por Fabrício Wolff 04 de Dezembro de 2020 | Atualizado 04 de Dezembro de 2020

Desde aquela eleição vencida por Donald Trumph, muito se disse sobre a importância das redes sociais no processo político eleitoral. É uma verdade, porém, que precisa ser bem compreendida. Grande número de seguidores, conteúdos pertinentes e batalhas narrativas não querem dizer sucesso no pleito. Longe disso. As redes sociais só funcionam bem para o objetivo eleitoral se regadas a muito dinheiro. É fato. As redes funcionam como um bom propagador de conteúdo se for feito investimento alto de impulsionamento, aliado a técnicas tecnológicas que potencializam este investimento, com conteúdos específicos para cada público.

De outro modo, acreditar que apenas e tão somente um bom trabalho de rede social ao longo do tempo é suficiente para chegar ao resultado eleitoral desejado, é ledo engano. A rede social vira uma bolha, onde o candidato fala apenas para seus seguidores. Fala para pessoas que já são eleitores do candidato e para alguns curiosos – às vezes opositores – que ficam à espreita para estudar os movimentos dele. Basicamente, soma muito pouco na corrida eleitoral, naquele “sprint final” chamado campanha. Se não houver muito dinheiro e estratégia tecnológica envolvida, as redes sociais pouco entregam o conteúdo do candidato e menos ainda somam na conquista de novos votos.

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Então, a rede social é uma bolha onde o candidato fala sempre para as mesmas pessoas e, invariavelmente, recebe os aplausos e comentários de apoio delas. E também críticas dos mesmos olheiros da oposição que fazem parte do rol de seguidores inscritos. Como bolha, a rede social não espelha a realidade, nem mesmo auxilia o candidato a alcançar novos votos. A tendência é ficar andando em círculos, sem avançar em novos públicos, sempre necessários para o sucesso em uma eleição.

Para sair desta bolha, é necessário um caminho bastante ortodoxo: contar com a complacência da imprensa para divulgar o trabalho político ao longo de sua trajetória, com muitas notas e entrevistas em rádios, jornais e televisão. O político jamais pode abrir mão de aparecer nos veículos de comunicação, na imprensa. Se nas redes sociais ele aparece e fideliza os que já são seus, na imprensa ele alcança e se mostra a outros públicos. E aparecer (definição bastante conhecida no meio da comunicação), é fundamental para a obtenção de resultados.

Claro que, aliado a isto, é necessária uma estratégia que envolva disparo de boletins informativos, seja pelos meios que a tecnologia permite, quanto pelo velho e tradicional impresso, além de outras estratégias possíveis de comunicação. O importante é pensar fora da bolha. Não se pode esperar que somente os números das redes sociais serão suficientes para garantir eleição futura, visto que aparecer é muito mais do que andar em círculos. É andar em todos os lugares, por todos os lados, crescendo em admiradores reais, muito além dos seguidores virtuais.

As redes sociais podem colaborar, e até se mostrarem importantes se motivadas com muito dinheiro, mas a bolha tem o fatídico poder de asfixiar políticos e suas candidaturas.

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