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Coluna Endeavor | Ricardo Semler: liberdade e intuição são bases das organizações do futuro
18 de Novembro de 2016

Coluna Endeavor | Ricardo Semler: liberdade e intuição são bases das organizações do futuro

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O mundo está mudando, e o jeito de tratar os funcionários deve ser o primeiro ponto de atenção do empreendedor. A chave, segundo Ricardo Semler, da Semco, são o fim do sigilo e da desconfiança entre os profissionais e a liberdade dada a eles. 

Dos funcionários que sua empresa tem hoje, quantos você consegue  garantir que continuarão na sua empresa no ano que vem? Pois é, a taxa de rotatividade ou turnover dos funcionários no Brasil é alta, e essa não é uma realidade só da sua organização.

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De acordo com dados do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), a taxa de rotatividade chegou a 63,7% no país em 2013 –no setor de construção civil, o índice chegou a 115%. O problema é especialmente maior com os funcionários mais jovens.

Isso tudo representa uma perda incalculável de tempo, dinheiro e energia para o  empreendedor.  “Vivemos um paradoxo: muita gente procurando emprego e muitas empresas procurando funcionários de menos de 30 anos” explicou o TED speacker Ricardo Semler em sua apresentação no , abrindo o primeiro painel do CEO Summit São Paulo 2016.
Para ele, uma das explicações é a seguinte: estamos caminhando para empresas “people-centric”, centradas nas pessoas –com poder nas mãos delas. Mas poucas organizações estão preparadas para isso: ainda se preocupam demais com sigilo, escondendo informações dos próprios funcionários, e regras.

Oferecer liberdade ou flexibilidade acabam se tornando,”clichês que a gente diz sem oferecer a contrapartida dentro da organização.”

Ricardo Semler é empreendedor, presidente do Conselho e sócio majoritário da Semco Partners, empresa familiar que assumiu em 1982, com pouco mais de 20 anos. Naquela época a companhia (originalmente do setor naval) estava à beira da falência e,  para surpresa geral, o jovem substituiu a forma autocrática de gestão por um sistema participativo, que oferecia mais poder aos empregados.

“Por que estruturamos empresas para reduzir a nossa intuição?” Ricardo parte dessa  reflexão para dizer que as empresas pecam ao tentar racionalizar todos seus processos, deixando de lado a experiência acumulada (que acaba gerando a intuição).

Ele contou, por exemplo, que na Semco a intuição dos funcionários é fator decisivo para selecionar ou não os candidatos (cada profissional tem direito de votar pela contratação ou não). Além disso, outra dica, os candidatos selecionados passam alguns dias na empresa para conhecer melhor o ambiente, não só as maravilhas que são apresentadas na entrevista. Aí sim eles decidem se querem ou não fazer parte do time. Boas práticas que garantiram à Semco uma taxa de rotatividade inferior a 2%.

Olhando para o futuro, Ricardo fez outra importante provocação no campo da gestão de pessoas: “É necessário tratar os funcionários com mais liberdade, abrindo espaço para a criatividade e a ousadia”.

SÃO OS MEDOS E AS INSEGURANÇAS DOS LÍDERES QUE ACABAM DESENHANDO UMA ESTRUTURA DE MAIOR CONTROLE NAS EMPRESAS: OS EMPREENDEDORES DESCONFIAM DE SEUS FUNCIONÁRIOS, QUE POR SUA VEZ NÃO CONFIAM NA EMPRESA. E NA VERDADE AS GRANDES DECISÕES DA ORGANIZAÇÃO PRECISAM SER TOMADAS EM CONJUNTO COM OS COLABORADORES.

“Tem gente lá dentro que sabe que aquela tal expansão do Nordeste não vai rolar, que aquela outra decisão não é a melhor, mas você nunca vai ouvi-los. Você não tem mecanismos para escutá-los.” Ricardo reforça que é necessário libertar os funcionários de todas as complexidades que criamos dentro da empresa e que os impedem de resolver livremente os problemas.

E essa realidade pode ser tão simples de ser mudada quanto aplicar a “regra dos três porquês”. Pense em uma pergunta simples, como por exemplo: por que nós usamos terno e gravata? E passe pelo filtro dos três porquês. No primeiro, você talvez responda: porque todo mundo se veste assim também. Não importa por qual filtro você passe, é natural que a última resposta seja “porque sempre foi assim”.

Está aí um indício de que as coisas precisam mudar.

É NECESSÁRIO CRIAR UM AMBIENTE MENOS CENTRALIZADO, MAIS FLEXÍVEL, DISTRIBUINDO O PODER E AS INFORMAÇÕES DA EMPRESA ENTRE OS COLABORADORES. É AÍ QUE ENCONTRAMOS O FUTURO DAS ORGANIZAÇÕES.

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