As empresas de tecnologia raramente fazem pesquisas de mercado para identificar os desejos das pessoas. Por quê? Porque elas sabem que as pessoas não tem a mínima ideia do que podem querer. Alguém acha que o display infinito do Samsung apareceu em uma pesquisa?
Outra coisa para refletir: por que as pessoas compram o que compram? Elas compram aquilo que acham que devem “possuir”. São ovelhas seguindo o rebanho, é o bloco seguindo o trio elétrico..
Convenhamos, realmente precisa-se de um carro com tração nas 4 rodas? Se sim, por que esses carros não se tornaram populares anos atrás? A principal razão é porque não estavam na moda.
Aliás, quem primeiro detectou o potencial para os SUVs – *Sport Utility Vehicles” – foi a analista de tendências Faith Popcorn*, da Brain Reserve, e não a indústria automobilística, Quando os utilitários esportivos eram apenas uma mania off-road, ela avisou que os carros com jeito de jipes virariam febre de consumo.
Faith percebeu que as massas urbanas das metrópoles buscavam uma “fuga para a aventura”, a necessidade de escapadas emocionais para sair da rotina. Só que não poderiam sair da urbe. Então, um carro meio “jeep” era a boa alternativa. E as pessoas passaram a enfrentar os congestionamentos curtindo a fantasia de estarem cruzando estradas poeirentas, cercadas por manadas de bisões.
Os marqueteiros das montadoras adicionaram outras “razões”: o tamanho familiar do veículo, ideal para carregar todos os membros da família, inclusive os de estimação, juntamente com toda a bagagem necessária. A altura em relação ao solo, a segurança e a dirigibilidade foram plantados nas mentes dos compradores. Finalmente, inventaram que possuir um SUV significava status. E as pessoas acreditaram.
*Faith Popcorn (cujo nome real é Faith Plotkin) é CEO da consultoria BrainReserve. Em seu primeiro livro, de 1991, “O Relatório Popcorn”, Faith previu o sucesso dois SUVs.