Toda vez que sua empresa ou marca aparece na mídia de forma favorável, ela está ganhando de brinde o endosso da credibilidade do meio. Mas o que a mídia dá também pode tirar e com consequências sérias. Relembremos o famoso caso Intel Pentium.
A Intel Corp. era uma queridinha da imprensa, das faculdades de negócios, da comunidade financeira e, claro, do pessoal de TI. Além disso era também um mega-anunciante com seu programa cooperativo “Intel Inside”. Em 1994, lançou o Pentium, o processador mais potente da época, sucessor do 486. O novo processador Pentium foi aceito rapidamente pelo mercado, tornando-se um grande sucesso.
Uma das inovações da família Pentium era uma tabela, usada para aumentar a velocidade do algoritmo de multiplicação em ponto flutuante do processador. Mas, ainda na fase de testes, a Intel percebeu uma falha nessa tabela, mas os testes mostraram se tratar de um erro muito raro. Segundo o fabricante, um usuário normal só perceberia o erro uma vez a cada 27.000 anos.
A Intel decidiu corrigir este problema nas versões seguintes do processador (os Pentium III e Pentium IV, por exemplo, não apresentam tal problema), pois acharam que ninguém perceberia o raro erro de cálculo do seu poderoso processador. A Intel assumiu publicamente o erro, mas, arrogantemente, propôs trocar apenas os processadores de quem conseguisse provar que usava o computador para cálculos matemáticos que exigissem precisão absoluta.
A resposta de centenas de milhares de consumidores foi clara: as pessoas haviam pago mais de US$ 600,00 por um processador e não queriam conviver com essa possibilidade de erro de cálculo, principalmente depois da IBM declarar que a probabilidade do erro ocorrer, segundo as suas pesquisas, era de uma vez a cada 24 dias e não os 27.000 anos anunciados pela Intel. Diante da intransigência da Intel a IBM chegou a ameaçar retirar do mercado todos os seus computadores IBM com processador Pentium.
A mídia tinha então, na ex-sagrada Intel, um prato cheio. Primeiro a imprensa especializada, depois a imprensa científica, a seguir a imprensa de negócios e finanças, e, por último, os mais influentes veículos dirigidos as consumidores. A Intel acabou cedendo, contabilizando um prejuízo de mais de US$ 450.000.000,00, gastos com a substituição dos processadores.
As lições: 1) Sua posição com a mídia nunca é inquestionável; 2) Todo mundo adora ver um gigante ter uma queda; 3) Não descuide da sua reputação, responsabilidade e credibilidade. Se você for displicente ou abusar, você perde.