Na sexta-feira, aqui na Coluna, contei como foram os últimos encontros do Nosso Clube do Livro, debatendo a biografia do genial Leonardo Da Vinci. E um dos pontos mais curiosos na nossa conversa, considerando a dimensão e a inovação do legado onde arte e ciência se confundem, foi o apego ao pequeno quadro com pouco mais de meio metro. Por quase 20 anos, Da Vinci continuou retocando o retrato da Madonna Lisa… a famosa Monalisa, como se a mente, exigente, visualizasse em 3D o que a limitação do traço não permitia executar. Cinco séculos mais tarde, 500 anos após o mundo se despedir de Leonardo Da Vinci, encontro nele a tradução pro que sinto pela obra mais plena da minha vida… minha obra-prima, minha dançarina, minha Lara de 14 anos.
Sabe, filha…
se eu pudesse pintar o mundo
com as cores do meu amor
tudo seria flor.
Às pétalas eu daria a tua pele macia.
À gota de orvalho, o lumiar dos teus olhos.
Ao perfume, tua essência,
às folhas no caule, a benevolência
de quem sabe que o tormento, feito vento
tem o dom de assustar, mas jamais vai nos vergar.
A perfeição que eu vejo em ti,
filha que eu fiz,
não cabe na tela ou no quadro.
É privilégio emoldurado.
Ah, se eu pudesse, ser um dia Leonardo.
O sorriso da Monalisa? Eu deixaria de lado…
Sou mais o teu riso, gargalhar desatinado.
As medidas? Anotadas com rigor no homem de braços abertos
não se comparam às respostas que encontro no teu abraço,
sempre, infalivelmente, disposto no ângulo certo.
Mas se eu pudesse, como artista, pintar um novo mundo,
talvez mudasse tudo.
O ritmo frenético. Valores tão patéticos.
(Não basta ser melhor… do que eu costumava ser.
Não basta ser melhor… para os outros e o conviver.
Ou é melhor que todos… ou não vai sobreviver).
Ah, se eu tivesse um pincel e o aval,
ladrilhava pra ti um caminho sem igual.
Já se eu fosse cientista.
Se tivesse à minha mão
uma máquina do tempo,
não mudaria um segundo
do meu mundo como mãe.
Pois contigo assim tão perto
nem consigo mais lembrar
como eu era antes de ti.
Sem passado, sem futuro,
hoje estou inteira aqui.
Sem filtros, sem efeitos, sem julgar.
Somente a conjugar
nosso convívio mais-que-perfeito.
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Para ampliar as imagens da coreografia Samba, que representou a Garagem da Dança na categoria Danças Urbanas do Prêmio Desterro, clique nas fotos da Galeria.