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Coluna Ana Lavratti: Se eu fosse um dia Leonardo, o sorriso da Monalisa já deixaria de lado
02 de Setembro de 2019

Coluna Ana Lavratti: Se eu fosse um dia Leonardo, o sorriso da Monalisa já deixaria de lado

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Por Ana Lavratti 02 de Setembro de 2019 | Atualizado 02 de Setembro de 2019

 

Na sexta-feira, aqui na Coluna, contei como foram os últimos encontros do Nosso Clube do Livro, debatendo a biografia do genial Leonardo Da Vinci. E um dos pontos mais curiosos na nossa conversa, considerando a dimensão e a inovação do legado onde arte e ciência se confundem, foi o apego ao pequeno quadro com pouco mais de meio metro. Por quase 20 anos, Da Vinci continuou retocando o retrato da Madonna Lisa… a famosa Monalisa, como se a mente, exigente, visualizasse em 3D o que a limitação do traço não permitia executar. Cinco séculos mais tarde, 500 anos após o mundo se despedir de Leonardo Da Vinci, encontro nele a tradução pro que sinto pela obra mais plena da minha vida… minha obra-prima, minha dançarina, minha Lara de 14 anos.

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Sabe, filha…

se eu pudesse pintar o mundo

com as cores do meu amor

tudo seria flor.

Às pétalas eu daria a tua pele macia.

À gota de orvalho, o lumiar dos teus olhos.

Ao perfume, tua essência,

às folhas no caule, a benevolência

de quem sabe que o tormento, feito vento

tem o dom de assustar, mas jamais vai nos vergar.

A perfeição que eu vejo em ti,

filha que eu fiz,

não cabe na tela ou no quadro.

É privilégio emoldurado.

Ah, se eu pudesse, ser um dia Leonardo.

O sorriso da Monalisa? Eu deixaria de lado…

Sou mais o teu riso, gargalhar desatinado.

As medidas? Anotadas com rigor no homem de braços abertos

não se comparam às respostas que encontro no teu abraço,

sempre, infalivelmente, disposto no ângulo certo.

 

 

Mas se eu pudesse, como artista, pintar um novo mundo,

talvez mudasse tudo.

O ritmo frenético. Valores tão patéticos.

(Não basta ser melhor… do que eu costumava ser.

Não basta ser melhor… para os outros e o conviver.

Ou é melhor que todos… ou não vai sobreviver).

Ah, se eu tivesse um pincel e o aval,

ladrilhava pra ti um caminho sem igual.

Já se eu fosse cientista.

Se tivesse à minha mão

uma máquina do tempo,

não mudaria um segundo

do meu mundo como mãe.

Pois contigo assim tão perto

nem consigo mais lembrar

como eu era antes de ti.

Sem passado, sem futuro,

hoje estou inteira aqui.

Sem filtros, sem efeitos, sem julgar.

Somente a conjugar

nosso convívio mais-que-perfeito.

 

Acompanhe a colunista Ana Lavratti também no Instagram @analavratti

 

Para ampliar as imagens da coreografia Samba, que representou a Garagem da Dança na categoria Danças Urbanas do Prêmio Desterro, clique nas fotos da Galeria.

 

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