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Coluna Ana Lavratti: Quarentena com qualidade | A necessidade revela habilidades
27 de Abril de 2020

Coluna Ana Lavratti: Quarentena com qualidade | A necessidade revela habilidades

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Por Ana Lavratti 27 de Abril de 2020 | Atualizado 27 de Abril de 2020

 

Hoje, aqui, agora, confesso o quanto estou em paz em plena #Quarentena.

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E não é por estar lendo “Anne de Green Gables”, o grande clássico da Literatura canadense que, no melhor estilo “Poliana”, nos ensina a ver beleza em cada canto dos fatos, cada canto dos outros, cada canto da natureza.

Não é isso, pois as biografias que devorei nestes dias de clausura foram pesadas e duras: “O momento de voar”, em que Melinda Gates conta as misérias culturais e a violência física que presenciou mundo afora, enquanto, com sensibilidade e empatia, decidia onde aplicar os recursos milionários da fundação Bill e Melinda Gates, e “Minha história”, em que Michelle Obama expõe a dificuldade de se reverter a pobreza e a violência em bairros como o dela, onde nasceu, cresceu e casou com Barack Obama, em Chicago.

 

Acho que sou feliz pelas próprias referências.

Pela sucessão de frustrações que me ensinou a jamais baixar a guarda, mas subtrair as expectativas.

E quanto menos eu projeto um mundo perfeito, mais valorizo o que já tenho: o dito e o feito.

 

Administrar as expectativas

não é dom nem dogma,

mas um domínio

que se exercita.

 

Quando a gente mora no hospital por praticamente cinco meses, abdicando das noites em silêncio pelo entra e sai dos enfermeiros, trocando o conforto da cama pelo sofá pequeno e duro, buscando consolo no marido que vive, contorcido de dor no leito ao lado, para a ausência do beijo na face perfeita da filha… a gente aprende a viver o dia.

#UmPassoPorVez #SemprePraFrente, delegando “a cada dia o seu cuidado”, como nos lembra a Bíblia em seu Sermão da Montanha.

 

Por isso HOJE é sempre o meu dia preferido.

Com todo o ontem que ele carrega,

por todas as mudanças que posso operar a cada manhã,

pelo potencial que eu guardo de mudar o meu amanhã.

 

Todo dia é o primeiro,

o perfeito,

pro passo que falta.

Pro pouco capaz de mudar

todo o mundo

à minha volta.

 

Agora que completamos 40 dias no casulo, com previsão de mais uma #Quarentena, contribuindo com o #IsolamentoSocial até que o #Coronavírus arrefeça, me obrigo a dizer obrigada por tudo o que vivi e aprendi. Sem romantismo. Sem cinismo. Com civismo. Satisfeita por fazer da disciplina a minha vacina, ficando em casa o máximo possível, e contribuindo, ao deixar de circular, com mais uma chance de a doença se espalhar. E já que #DistânciaSalva, extraímos da reclusão o que ela pode ter de bom:

convertendo em treino o tempo não gasto no trânsito, com ginástica diária.

convertendo em dieta a despensa esvaziada, pelas idas ao mercado muito mais espaçadas.

convertendo em concentração o silêncio da rua.

convertendo em amparo a companhia da família.

convertendo a saudade em jardim e poesia.

 

A necessidade revela habilidades.

Ou como diz a personagem do meu sexto livro, Miriam de Almeida Pinheiro,

o polimento vem do atrito.

 

E a minha sugestão, pra quem chegou até aqui, é revogar a solidão.

Descobrir o quanto a própria companhia, preenche e inspira.

O quanto conhecer-se, saber de si, projeta à outra dimensão.

 

Nunca, nem tente, imitar ou se encolher,

Seja o que deseja, aquilo que deve ser.

Da sua verdade provém o seu poder.

 

Hoje, aqui, agora, sabe o pior que pode acontecer?

Como emerge a alegria, se eu comparar ao hospital,

pra você, o sentimento que persiste, a dor visceral,

vai se tornar referência em todos os dias pós-pandemia,

incitando mais ação, emoção e gratidão quando tudo voltar ao normal.

 

 

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