Posso não lembrar do dia em que nasci, pequeninha, antes da hora,
mas o primeiro dia de todo o resto da minha vida,
este não poderia esquecer…
Meu Dia D.
O dia em que tudo mudou foi quando o amor provou
que dele eu só sabia do iceberg a pontinha.
Por mais que exagerasse, mesmo se não me continha,
amor de mãe muda tudo, reescreve o limite, rebenta o padrão.
De repente… todo o passado só serve se exalar uma lição.
Se eu puder extrair dali um bom exemplo pra filha seguir.
Ou ao contrário, os erros dos quais fugir.
De repente… meu presente
tem uma bússola exclusiva, de todas a mais precisa
porque fui eu que batizei.
E desde então, desde que te vi,
que dei o nome que pra sempre irás vestir,
já não dou mais um passo sem antes pensar em ti.
No que precisas agora, como te sentes agora, e em tudo o que há de vir.
De repente… num rompante
Minha vida só faz sentido se eu te levar comigo,
na caixa-forte do coração, no ponto fraco de cada decisão.
Tudo o que eu faço, tudo o que eu vejo, tudo o que penso
sai sob o crivo deste amor tão intenso.
Por ti, filha, eu viro universo,
e mesmo poeta, vivendo entre versos,
subtraindo meus medos, defeitos e culpas,
decifrando no céu a proteção de uma cúpula,
enfrentando os problemas com socos de luva,
redesenhando meus planos feito aquarela na chuva,
mesmo assim, dando o melhor de mim,
te ensinando a ser mansa, ser guerreira e seguir inteira,
discernir o tempo de acatar e o de buscar com ardor,
eu não saberia expressar o tamanho deste amor.
Por ti, filha, já fui o planeta Terra, celeiro da vida, primeiro lar.
Hoje sou o calor de Mercúrio, se precisar te esquentar.
Sou os anéis de Saturno, à espreita pra te abraçar.
Sou o brilho de Vênus, jorrando pra te guiar.
Sou a destreza de Júpiter, se precisar te salvar.
Sou Marte, Urano e Netuno, fadada a te orbitar.
Quando eu achava que meu destino seria um texto cheio de aspas.
Descobri que o melhor da vida é ser mãe da Lara, que me dá asas.