Nascida em Andradas, cidade mineira próxima de Poços de Caldas, Luciana Melo cresceu com diferentes panoramas. No sítio do avô José, via de perto o café brotando, colorindo o galho feito flor, depois o grão secando, ganhando a forma do consumo. Se na família da mãe, Maria Isabel, a tradição seguia à risca a vocação da região, maior produtora de café do país, o exemplo do pai era totalmente urbano, com José Roberto aprendendo desde cedo a dominar ferramentas, consertar carros e motos, até empreender, autodidata, na própria oficina mecânica. E foi assim, com as referências de uma cidade onde a pequena dimensão contrasta com a grande expressão – por atrair turistas, com uma das melhores rampas de voo livre do Brasil – que Luciana se despediu do Pico do Gavião para aterrissar aos 16 anos no Cursinho em São Paulo.
Aprovada em Psicologia, acabou migrando para a Administração, pela experiência de quem, desde os 12 anos, já auxiliava o pai nas funções de contabilidade. Trabalhando na Canon, conciliando a faculdade com o estudo de inglês, o próximo passo foi uma imersão de três meses no idioma de Shakespeare, em Londres, seguida pela mudança, já de volta a São Paulo, para outra multinacional: a Gillette, que logo viria a ser comprada pela Newell Rubbermaid, e onde chegou a Gerente de Produto. À medida que ascendia, crescia também a necessidade de ser fluente em inglês, o que motivou o próximo embarque.
Com a coragem de dar um pause na carreira, Luciana foi estudar na Califórnia, adiando o voo de volta pelo efeito de outras asas, no caso, do anjo cupido. Namorando com o norte americano Joshua Stevens, a solução para retomar o ritmo da carreira foi convencê-lo a se mudar para o Brasil, mais especificamente, para uma cidade onde ambos não tinham raízes, mas que de certa forma reproduzia o clima de praia de Santa Bárbara. Em Florianópolis, surpreendidos com a notícia de um baby a caminho, Luciana e Joshua foram impelidos a empreender, pela perspectiva de melhora na renda da família. Nascia assim o Café Cultura, que desde a abertura, em 2004, já trazia uma proposta inovadora: de valorizar os cafés especiais, com grãos nobres, tipo exportação.
Um ano após a abertura do primeiro Café Cultura, com 40 m2, a loja dobrava o tamanho, e um ano após a primeira franquia, outras quatro lojas já operavam paralelamente à unidade da Lagoa da Conceição. Com a torrefação funcionando como empresa à parte, a próxima e ambiciosa meta é abrir 200 pontos de venda, a partir do forte investimento na engenharia do cardápio, na experiência do cliente, e também na expansão do quadro societário, o que assegurou a expertise no segmento de franquias.
Garimpando tendências nos principais eventos de gastronomia do mundo, em Chicago, Boston, Seattle e diferentes países da Europa, Luciana e Joshua inauguraram em 2018 a flagship store da marca, uma loja com mais de 1500 m2 onde a grande dimensão não compromete as raízes, construída na mesma quadra que o primeiro café. Com premiações da revista Veja, Trip Advisor, Top View, Latam Retail e Associação Brasileira de Franchising, o Café Cultura não se limita aos serviços, consolidado como ponto de venda de cafés especiais, de produtos para o consumo do café, e de cestas temáticas, com diferentes produtos, onde o café é a “cereja do bolo”.
Mãe da Sofia e do Samuel, Luciana viu os negócios crescerem em plena pandemia, com lojas abertas no Rio Grande do Sul e no Paraná. Mais recentemente, no dia 18 de abril, ainda ganhou repercussão nacional: com grande matéria na revista Exame destacando as próximas aterrissagens da marca, no Rio de Janeiro e em Minas Gerais. Pela incrível trajetória, com apenas 42 anos, a Luciana Melo está entre as 30 lideranças biografadas no meu livro “Você Mulher Ainda Melhor”, e conversou comigo na sessão de autógrafos, acompanhada pela linda família, no Sebrae-SC.
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ENTREVISTA: Gravação e edição da Canal 3 / TV Sebrae
FOTOS: Gabriela Müller
