Cannes 2019 | Entrevista com Felipe Simi, fundador e head of creative data da Soko
11 de Junho de 2019

Cannes 2019 | Entrevista com Felipe Simi, fundador e head of creative data da Soko

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AcontecendoAqui está publicando uma série de entrevistas com os brasileiros selecionados para o corpo de jurados do Cannes Lions Festival que será realizado na próxima semana – de 17 a 21 de junho –  na cidade de Cannes, França. A décima entrevista da série é com Felipe Simi, fundador e head of creative data da Soko, jurado em Creative Data

Simi é formado em Propaganda e Marketing pela ESPM no ano de 2006, e especialista em branding pela The Kellogg School of Management at Northwestern University. Criou sua empresa SOKO em Novembro de 2015, e vem trabalhando com grandes empresas como Netflix, Absolut, Ben & Jerry’s. Um dos trabalhos que Simi fez em sua empresa Soko foi para a série Stranger Things da Netflix. E, também, lançaram pela Soko um gif de “longa duração” com Gretchen, para a marca Ben & Jerry’s.

 

Qual é a sensação em fazer parte da equipe de jurados do Cannes Lions 2018?

É tanto uma boa surpresa, quanto uma grande honra. Eu construí minha carreira de forma menos tradicional na publicidade, então receber a notícia de que eu seria jurado em Cannes foi quase como uma validação das escolhas que eu fiz. Fiquei muito feliz de verdade.

Qual é o aprendizado ou troca de experiências que você imagina ter lá com criativos de diversos cantos do mundo?

Mesmo antes do festival, essa troca já está acontecendo entre os jurados brasileiros e também com os outros jurados da minha categoria. Sinto que estou em uma espécie de doutorado em criatividade e comunicação. É muito interessante entender a visão de cada um sobre o que é uma boa ideia e acredito que presencialmente isso será intensificado. 

O Festival passou por uma grande reformulação nas 3 últimas edições. O que você poderia citar sobre essas mudanças e o que será avaliado em CREATIVE DATA, Categoria que você vai julgar?

Acho as mudanças todas fundamentais para que o Festival se mantenha relevante e evolua para que possa gerar impacto cada vez mais positivo na indústria. Fiquei especialmente contente com as novas diretrizes que reforçam a instrução para que os júris combatam preconceito de gênero, sexualidade, idade, raça e, por outro lado, reconheçam ideias orientadas às defesas de igualdade e representatividade. Eu sou um ativista social em atividade – principalmente por fazer parte da comunidade LGBT – então esse vai ser um critério inegociável para mim em Creative Data, assim como seria se estivesse julgando em qualquer outra categoria.

Cite um grande trabalho da sua agência que vai concorrer Cannes neste ano.

Para a Soko, prêmios deveriam ser sobre um reconhecimento extra pelo que já foi conquistado e não um reforço positivo para uma boa ideia. Os prêmios que a agência ganhou – em Cannes, El Ojo, Clube – foram em cima de histórias verdadeiras e culturalmente relevantes e isso, para a gente, tem muito valor. 
Nesse sentido, um dos trabalhos de que mais temos orgulho esse ano é a uma ativação para Corona. Para divulgar no Brasil a ação global da marca para limpeza de praias, fechamos uma entrada de Ipanema no Rio de Janeiro com um muro de 15 metros feito de plástico recolhido ali mesmo em 3 dias.  

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O que é mais importante em Cannes? Ganhar um leão, palestras, conhecer pessoas?

Ganhar mais conhecimento. Prefiro a autocrítica à autorreferência, então sempre vi mais valor no conteúdo adjacente à premiação em si e nas eventuais discussões abertas sobre o modus operandi da indústria que aconteciam nos palcos e nos bastidores. Aprende-se muito com isso. 

Por que o Brasil valoriza tanto Cannes? Um dos países com maior número de inscrições, visitantes e leões.

Porque é o principal Festival de criatividade do mundo. Não vejo Cannes como um compilado de tendências que ajudam a pautar o que vai se relevante amanhã, mas entendo a influência que ele pode exercer na indústria. Quando a Soko ganhou seu primeiro leão – com Xuxa e o Baixinho que Sumiu, para Stranger Things da Netflix – a cadeia toda de talentos, produtoras e clientes, passou a descobrir que aquela ideia foi criada e desenvolvida por nós. Claro que o interesse só aconteceu porque muitos já conheciam a ideia, mas o leão foi importante para que o mercado soubesse quem procurar para desenvolver trabalhos como aquele.

O que não falta na sua bagagem para Cannes?

Dois valores que sempre regeram minha vida e que, na função de jurado, serão fundamentais: verdade e justiça.