“Todo amor é igual”, rompendo com estereótipos e reconfigurando imagens | Cannes Lions 2017
19 de Outubro de 2017

“Todo amor é igual”, rompendo com estereótipos e reconfigurando imagens | Cannes Lions 2017

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Publicação original em junho de 2017

Num dos seminários mais esperados do Cannes Lions, “Seeing is Believing – The power of re-picturing stereotypes”, a Getty Images veio com a missão de inspirar a audiência para quebrar tabus e usar a magnificência das imagens para mostrar a vida como ela realmente é. 

Imagem é a linguagem do nosso tempo e com o avanço da tecnologia, conectividade e social mídia as pessoas passam a compartilhar imagens cada vez mais e dando infinitas vozes que estão contribuindo numa rica experiência visual.

A plateia estava lotada no Teatro Lumiére, com profissionais do universo criativo de vários países para assistir ao encontro de Pam Grossman, Diretora Visual de Tendências da Getty Images, que se reuniu no palco com quatro pessoas chaves e referências no cenário internacional em suas respectivas áreas e que estão trabalhando juntas com a Getty Images para encorajar este movimento e ao mesmo tempo contribuindo para mostrar a arte visual em sua real essência. 

Imagem e Criatividade para encorajar inclusão e paixão

Pam Grossman iniciou o debate com a frase “Qualquer pessoa que trabalha com criatividade e imagens precisa encorajar duas coisas muito importante: inclusão e paixão.”  Temos a responsabilidade de representar a nossa verdadeira audiência e mostrar as fotos de uma maneira completamente real. “Diversidade é ver também sexualidade de modo geral e de uma maneira diferente”, destacou Cambpell Addy, fotógrafo londrino que produziu uma das campanhas fotográficas mais comentadas recentemente “All love is equal” (todo amor é real) e representando a beleza em diferentes formatos e de um jeito fantástico para inspirar as pessoas. 

Este é o retoque e a inspiração que precisamos, principalmente na indústria da comunicação, acostumada a utilizar sempre as mesmas tendências e expressões quando se fala em amor: casais brancos e heterossexuais.  

Quando você criar um conteúdo para diversas audiências lembre sempre de mostrar em seu cenário a diversidade através de diferentes grupos de pessoas

É muito importante mostrar a diversidade em vários aspectos. Piera Gelardi, diretora de criação da Refinery29 citou que os 67% da população de mulheres americanas que possuem medidas no tamanho 14 são representadas em apenas 2% das campanhas publicitárias. “Se você não é visto, você se sente que não tem nenhum valor para a sociedade”, declarou Gelardi, que criou um movimento chamado “67% plus size body image” para que a indústria não ignore as mulheres reais e que são invisíveis na comunicação das marcas.

Lena Whaite, escritora e atriz da série do Netflix “Master of None” e do Showtime “The Chi” também fez parte deste debate e ressaltou que o sonho dela é ver a TV mostrando mulheres negras como líderes e contando histórias reais. Nem sempre de forma positiva, mas mostrando também todas as vulnerabilidades.

LGBT e a diversidade na comunicação com imagens

O tópico LGBT foi levantando em uma questão e apresentado as inúmeras possibilidades de se mostrar o amor através de campanhas com este público. LGBT representa uma indústria de 20 bilhões de dólares. “Estamos aqui e sempre existimos e a tendência da diversidade não pode ser ignorada porque ela representa milhões de consumidores.  É preciso mudar a percepção de como as pessoas observam esta comunidade e a representação através de imagens precisa mostrar a pura realidade. As histórias criadas que falam de amor precisam representar a sociedade.

Addy comentou ainda que um fotógrafo gay capturando a realidade através de imagens de sentimentos humanos não é nada diferente do trabalho de outros fotógrafos quando o tema é por exemplo o amor. O seu trabalho é de capturar a realidade e redefinir a conotação do ‘romance’ e fazer com que as pessoas vejam primeiro a beleza.  Mesmo quem for homofóbico irá ter como primeiro impacto a representação do amor. “Quanto mais você observar ao seu redor, isso acaba se tornando cada vez mais natural”, destacou ele. 

O debate abordou também como a diversidade possibilita a geração de uma conversa mais sofisticada e fabulosa para mostrar identidades. 

 

Conselho para as marcas 

O conselho final apresentado no evento focou na necessidade de se criarem histórias que representem bem a audiência e capturem a realidade. As marcas precisam dar chance para que a audiência tenha tanta voz quanto os donos das empresas. É preciso entender que há várias situações como estas ao redor do mundo e as marcas não precisam ter medo. “A sua marca pode fazer um pouquinho de boa intenção que todos estes pouquinhos se somarão”, concluiu Geraldi.