Cannes Lions | Entrevista com Mário Narita, jurado de DESIGN e fundador da Narita Design e Estratégia
09 de Junho de 2017

Cannes Lions | Entrevista com Mário Narita, jurado de DESIGN e fundador da Narita Design e Estratégia

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Mario Narita possui MBA pela Berlin School em Creative Leadership, formado em Propaganda e Publicidade na ECA/USP, recebeu uma bolsa de estudos no Japão pela Japan Package Design Association e trabalhou em grandes agências como: Norton, Alcântara Machado Periscinoto, Proeme, DPZ, SAO e MPM. No início de 1998, abriu a sua própria agência de Design e Estratégia tendo como clientes Ambev, Mondelez, Pepsico, BRF, Kimberly Clark, Bauducoo entre outros. 

 

 

Qual é a sensação em fazer parte da equipe de jurados do Cannes Lions 2017?

Comecei a minha carreira como assistente de arte, eu marcava títulos dos anúncios com pincel, em uma agência chamada Nexus, depois fui para Norton, Alcantara Machado Periscinoto, Proeme, DPZ, SAO, MPM e finalmente abri a minha própria empresa, a Narita Design.
Nessa longa trajetória tive sempre o lema da constante superação. Assim, me sinto orgulhoso de fazer parte de um evento que enaltece o futuro.

 
Quantas vezes você participou do Festival e o que ele agrega para quem vivencia a semana no Palais?

Como delegado, estive 3 vezes em Cannes e sempre voltei inspirado com as palestras e fascinado pelos trabalhos inscritos. 
Porém, acredito que esse ano será diferente. Acho que haverá um aprofundamento nas discussões.
Pelas últimas matérias que tenho lido a respeito, temas da atualidade e os caminhos futuros serão o foco.
Estarão na pauta geral assuntos como a crescente força da plataforma digital, igualdade de gêneros, start ups, transparência, resultados refletidos nos negócios, geração de dados, mudança do eixo na liderança dos meios de comunicações, boas praticas; enfim, temas que moldam e moldarão o amanhã serão exaustivamente debatidos.    
 

Qual é o aprendizado ou troca de experiências que você imagina ter lá com jurados de diversos cantos do mundo?

Baseado no relato de ex-jurados, o ponto alto do júri é a discussão sobre a premiação das peças do short-list. Talvez seja a parte que exige maior concentração. Mas ao mesmo tempo, é o momento de se abrir para diferentes pontos de vista. Considero esse momento sublime, porque é a grande oportunidade da minha própria transformação. É o momento que você precisa ceder para algo novo entrar.  
 

De 3 anos para cá, o que você poderia citar como grandes mudanças no Festival e o que será avaliado em DESIGN?

Sem dúvida, a grande mudança é a relevância da plataforma digital como meio de comunicação em detrimento da plataforma tradicional/analógica (TV). Porém, necessariamente a tecnologia não precisará estar presente em todas as peças a serem premiadas. Avaliaremos peças do mundo inteiro, portanto teremos trabalhos de países menos afortunados que podem ter um excelente resultado baseado em uma idéia simples e barata. O Festival pontua os itens criatividade, execução e resultado como norte. Mas o meu critério também inclui trabalhos que enalteçam mensagens positivas para um mundo melhor, mensagens com transparência, mensagens que emocione, mensagens que tenham um impacto positivo para o meio ambiente e que tenham um retorno real para o emissor. 
 

Qual a sua expectativa sobre a performance do Brasil neste ano ao longo do Festival?

Até agora tenho recebido e visto trabalhos brasileiros de altíssima qualidade e estou confiante que teremos uma boa performance. Porém, não podemos esquecer que seremos comparados e tudo vai depender do nível dos nossos concorrentes que balizará a competição.
 

O que é mais importante em Cannes? Ganhar um leão, palestras, conhecer pessoas?

Os três são importantes. Porém, a ordem depende de cada um. Pessoalmente, acho o conhecimento adquiro e a experiência vivida como primordiais.
 

Cite um grande trabalho da sua agência que vai concorrer Cannes neste ano.

Só inscrevemos dois trabalhos. O primeiro é a linha de embalagens Dona Benta, que foi concebida por meio de um estudo de antropologia visual. Isto é, o habitat do consumidor inspirou a criação de toda a linha, que se baseia nos ladrilhos e panos de prato da cozinha. São elementos gráficos que remetem à cozinha das avós ou mães e fazem uma conexão emocional direta com a comida inesquecível da infância.
O segundo trabalho é uma marca desenvolvida para o Instituto de Quimioterapia e Beleza. Basicamente, é uma colorida e alegre logomarca que enaltece os lenços usados pelas paciente de câncer. Esses lenços são símbolo do engajamento da líder do Instituto, a ex-modelo Flávia Flores, para inspirar as pacientes a enfrentarem a doença de uma maneira bem positiva e bela.
 

O que não falta na sua bagagem para Cannes?

Shorts, camisa de linho e muita vontade de contribuir para um evento tão significante da nossa indústria.