Simone Bernardino é uma profissional com uma trajetória inspiradora, marcada por sua atuação no desenvolvimento humano e liderança empresarial. Com mais de duas décadas de experiência e uma formação diversificada que inclui aprendizados com figuras renomadas como Tony Robbins e Timothy Gallwey, ela combina metodologias inovadoras para transformar a vida de pessoas e empresas. Sua abordagem integra conhecimentos em marketing, finanças, gestão e práticas como a Constelação Familiar e Organizacional, mostrando que o sucesso não é apenas técnico, mas também humano e relacional. Nesta conversa para nossa coluna, Simone compartilha valiosas reflexões sobre sua jornada empreendedora, os desafios enfrentados ao longo do caminho e a importância da formação continuada em sua prática de mentoria. Com seu olhar atento às transformações tecnológicas e um exemplo de superação pessoal que inspira, ela revela aprendizados fundamentais para aqueles que buscam liderar com propósito e construir trajetórias profissionais significativas.
Muito grato por contribuir com nossa coluna de carreira. Sua formação em Naturopatia trouxe uma base diferenciada de compreensão sobre o ser humano de forma integral. Como essa perspectiva influenciou sua abordagem no desenvolvimento humano, e quais foram os principais aprendizados e desafios ao migrar para uma atuação mais voltada à mentoria e liderança empresarial?
Eu acho que, na realidade, a educação através das Letras — porque eu fiz Letras — me levou para a Naturopatia, que traz essa visão mais integral do ser. Então, foram diversas migrações, diria eu, e todas elas se complementam no final. A educação me fez entender que era necessário ensinar sobre o ser. Depois que você entende muito sobre o ser, percebe que não adianta apenas ser, você também precisa ter. Isso me levou para o mundo dos negócios. Uma coisa é ser, outra coisa é parecer, e outra é aparecer. Para mim, tudo está muito interligado nessa jornada.
Comecei como educadora e continuei sendo educadora, só que em um campo muito mais sutil, e depois integrei todas essas áreas do saber. Hoje, preciso levar esse conhecimento para os negócios e, ao mesmo tempo, fazer com que ele chegue a outras famílias, solidifique e leve prosperidade, abundância e qualidade de vida para aqueles que estão dentro das empresas, como os colaboradores.
Então, as formações em Letras e Naturopatia foram fundamentais. Não posso ignorar isso, preciso honrá-la, porque foi o que me trouxe até aqui. Quando alguém me pergunta se deixei de ser professora, digo que não. Apenas mudei a forma de ensinar. Continuo sendo educadora, mas a questão é como ensinar. Aprendi ferramentas que facilitam o acesso ao consciente e ao inconsciente, gerando resultados maiores. Por exemplo, com Letras, eu pensava: “Não quero mais ensinar crase. Para quê? Quero ensinar para que faço o que faço ou para quem faço o que faço.”
Em nenhum momento saí da educação. Acredito que a educação permeia tudo o que faço até hoje. Houve um processo evolutivo em relação ao que sou e ao modo como a minha voz chega ao mundo. Isso sim é um reposicionamento, usando tudo como bagagem. Não descarto nada, honro cada parte da minha história. Mesmo hoje, no momento atual, há ocasiões em que preciso fazer intervenções que chegam a ser linguísticas, muito educacionais. O pedagógico me auxilia bastante nessa abordagem metodológica: como posso ajudar alguém a criar uma metodologia dentro de uma mentoria? A educação me favoreceu nisso, e eu não posso descartá-la.
Sua trajetória inclui uma formação robusta, passando por instituições de educação formal e diversas certificações no Brasil e no exterior, além de aprendizados com figuras renomadas como Tony Robbins e Timothy Gallwey. Como essa formação continuada contribui para a integração de diferentes conhecimentos em sua prática de mentoria? E o que você considera ser o diferencial que isso traz para sua abordagem como Coach e Mentora?
Sempre digo que, se eu soubesse o que sei hoje aquilo que aprendi com o Tim, com o Tony e em outros cursos que não são do meio acadêmico, talvez minhas aulas de português e literatura tivessem sido muito melhores. Talvez meus alunos tivessem chegado muito mais longe. Por quê? Porque são formas diferentes de ensinar, voltadas para alcançar alta performance, que é o verdadeiro papel do educador.
Acredito que todas essas certificações são robustas e valiosas. Ainda estou processando o aprendizado delas até hoje. Há coisas que, na época em que recebi, talvez eu não tivesse maturidade para entender. Depois de um tempo, você pensa: “Agora entendi! Olha só isso!” Ou às vezes você sente que precisa estudar um pouco mais, e de repente tem um insight: “Isso foi dito há 10 ou 15 anos, e só agora fez sentido.”
Fico triste que a educação ainda não olhe para esse lado e permaneça num plano 100% cartesiano, sem buscar uma expansão maior. O que acredito hoje é que o diferencial do meu trabalho, especialmente no mundo dos negócios, está muito relacionado a essa visão de mundo que todos esses treinamentos me trouxeram. Principalmente sobre a expansão da mentalidade, sobre neurociência, padrões de comportamento, repetição, e como levar clareza de forma mais leve e suave.
Em alguns atendimentos, a pessoa chega e diz: “Você tirou uma venda dos meus olhos. Eu não enxergava desse jeito, e agora consigo ver de outra forma.” Acredito que todo esse trabalho, aliado aos cursos, facilita a linguagem que uso para levar clareza e promover transformações. É um processo de tirar alguém de um ciclo de dor, perda e repetição de padrões.
Em suas atividades empresariais, você ajuda empresas a alavancarem seus negócios com Marketing, Vendas, Gestão e Finanças. Como essas áreas estão interconectadas para criar um crescimento sustentável? E quais são os erros mais comuns que as empresas cometem nessas áreas que as fazem buscar seus serviços?
Tudo é sistêmico, tudo está interligado. Muitas vezes, não queremos olhar para o marketing, mas estamos reclamando da falta de clientes. Se você está sem clientes, para onde está olhando? Talvez esteja focando apenas no financeiro ou na dificuldade de gerar dinheiro. Mas, em todas essas áreas, há uma peça única e essencial: o ser humano. É o ser humano, com toda a sua história e contexto, que conecta tudo isso.
Sempre digo que ninguém é uma “empresa” sozinho. Você não é único, porque depende do profissional da internet, da companhia de energia, entre outros. Tudo está interligado. As pessoas, no entanto, chegam cansadas de fazer um esforço gigantesco, sem entender que nosso cérebro opera com dois lados complementares. Tim Gallwey, por exemplo, trata isso como um grande coliseu interno, onde você luta contra crenças e padrões repetitivos, movidos pelo seu “self julgador”, o self 1. Do outro lado, temos a conexão com a essência, a alma, o universo interno. Se essas duas partes não trabalharem de forma harmônica, o fluxo trava.
Na perspectiva das constelações, por exemplo, há referências que se repetem: pai e mãe, yin e yang. Se essas forças não fluírem juntas, tudo para. E é justamente isso que vejo acontecer com empresários. Eles chegam travados porque o propósito não está alinhado com a missão, a visão e, muitas vezes, nem com o propósito pessoal. Recentemente, em um atendimento, perguntei a um empresário: “Para que sua empresa existe?” Uma empresa não é criada apenas para fazer dinheiro ou gerar lucro. Para mim, ela existe para servir ao próximo. Quando você entende que abriu um negócio para servir, tudo muda. O marketing serve a esse propósito, o dinheiro vem para alimentar esse circuito.
Se algo não está funcionando, é porque há um padrão ou medo repetitivo, como o medo da escassez ou o medo de não ser suficiente. Tony Robbins traz que todos os medos se resumem a dois grandes: o medo de não ser aceito (rejeição) e o medo de não ser bom o suficiente para servir. Muitas pessoas chegam com esses medos profundamente enraizados e trazem histórias familiares que se refletem em diversas áreas.
Por exemplo, um empresário pode dizer: “Não vou investir no meu negócio agora porque estou sem dinheiro.” E eu pergunto: “Você só vai fazer dinheiro se controlar o que exatamente?” Empreender é um jogo de adulto e, mais do que isso, um jogo coletivo. Não se joga sozinho. Muitas vezes, a dor que o empresário traz é a dor da solidão, da repetição de padrões ou da falta de uma visão clara do campo externo, uma análise real do cenário.
As constelações organizacionais, junto com o Coaching e a PNL, permitem essa análise do cenário, ajudando no posicionamento. É como um grande tabuleiro de xadrez ou uma partida de futebol: é preciso colocar o jogador certo para atuar, porque não há mais tempo para treinar, apenas para jogar. O negócio está ali e envolve outras pessoas.
O diferencial do meu trabalho é ensinar esse jogo com clareza e ajudar as pessoas a agirem como adultos. Muitas vezes, elas estão maduras para lidar com o negócio, mas imaturas nas relações humanas. E nós somos seres relacionais, não há como fugir disso.
A Constelação Familiar e Organizacional tem conquistado espaço como uma abordagem inovadora no desenvolvimento humano e empresarial, ajudando a resolver questões profundas que impactam relacionamentos e resultados. Como facilitadora nessa área, quais são as principais transformações que você observa em empresas e pessoas ao integrar essas práticas em seus processos de liderança e gestão?
A primeira, clareza é inevitável: você consegue ver de verdade como está a sua empresa? Por exemplo, já tive um caso em que os dois sócios diziam que o outro não olhava para a empresa. Quando isso é colocado em um campo sistêmico de análise, percebe-se que um estava olhando para uma perda e o outro para uma separação, como a perda de um filho e um divórcio. Se você não está olhando para sua empresa, está olhando em outra direção. Como sua empresa vai crescer?
Quando os sócios ganham clareza, eles percebem, por exemplo: “Nossa, estou olhando para minha separação, mas já me separei há tanto tempo.” Na realidade, eles continuam presos a isso. As transformações são inúmeras, não apenas no dinheiro ou no bolso, mas também no reposicionamento. Por exemplo, enxergar o cliente com a mesma força que você tem é fundamental.
Na visão sistêmica, quando você vê o cliente como pequeno, incapaz de pagar, ou sacrificado, você tira a força de transformação dele. Ao julgá-lo, reposicioná-lo e projetar suas crenças e expectativas, você afasta o cliente. Geralmente, ele vai embora porque quer estar em um lugar onde se sinta forte, não fraco.
Dentro das empresas, esse processo melhora a aproximação com o cliente, atrai novos clientes e, inevitavelmente, reflete em resultados financeiros. Porém, antes disso, ocorre uma melhora significativa na história pessoal de quem lidera, na leveza com que conduz os processos e na percepção geral. É como se você ganhasse “superpoderes.” Você passa a ouvir, ver e se posicionar de forma diferente.
Você também começa a perceber as tríades e se pergunta: “Por que preciso me posicionar aqui para salvar esse colaborador? Por que preciso me sentir o agressor dele?”
Então, volta ao seu lugar como líder e compreende: “Meu papel é este.” A liderança sistêmica, por exemplo, passa por estar no seu lugar.
Se, dentro do sistema familiar, você não tem um lugar, não se sente pertencente ou não respeita hierarquias, isso ecoa na empresa. Colaboradores que não querem seguir processos ou acreditam que suas ideias são melhores geralmente têm essa origem na dinâmica familiar. Constelações organizacionais não tratam terapeuticamente ninguém, mas ajudam a identificar pontos de fragilidade e vulnerabilidade que podem se transformar em força e poder para a empresa.
Empresas como Harley-Davidson, Ford e Audi utilizam processos sistêmicos para analisar e entender cenários. Por exemplo, antes de lançar um novo produto, verificam: “Esse produto é viável? O cliente vê valor ou é uma percepção nossa?”
Além disso, as constelações ajudam em contratações, transições e migrações de carreira, análise de investimentos e reposicionamento de comunicação. Recentemente, atendi uma grande empresa que precisava apresentar uma proposta a um grupo significativo. Ao analisar o cenário, identificamos que havia duas vendas a serem feitas: uma para o financiador do projeto, que custava 75 milhões, e outra para o cliente final. São linguagens diferentes, mas a visão sistêmica proporcionou clareza sobre o que precisava ser feito.
Esse método identifica porque algo está fora de fluxo e o que não está funcionando, mesmo que ações já tenham sido realizadas. Sobre as empresas que utilizam constelações, mencionei Harley-Davidson, Ford e Audi, que há muitos anos aplicam esses conceitos na Europa.
Em 2000, você estabeleceu seu Instituto de Desenvolvimento, quais foram as principais razões que lhe levaram a esta decisão de empreender? Como CEO, você demonstra uma trajetória impressionante ao longo dos anos. Quais transformações mais impactantes você observou nos líderes e empresas com os quais trabalhou?
Primeiro, eu saí de educadora, mas acredito que empreendedora eu sempre fui. Desde muito jovem, quando lembro do início de tudo, o meu “primeiro instituto” foi a mesa no fundo de casa, debaixo da mangueira, onde eu dava aula de português. Eu dizia para mim mesma que não era admissível ganhar pouco. De manhã, dava aula na rede pública, e à tarde, debaixo da mangueira, fazia aulas de reforço para quem precisava melhorar o português. Muitas vezes, acabava ensinando outras matérias, como matemática, porque era uma análise de texto que a criança precisava, e os pais me deixavam essa responsabilidade. Acredito que esse espírito empreendedor veio da minha família. Meus avós maternos foram empreendedores: meu avô era dono de um posto de gasolina e participou da expedição de Marechal Rondon, indo a pé de São Paulo a Cuiabá, instalando postes. Essa veia empreendedora sempre esteve presente.
Quando cheguei a Florianópolis, tive um grande divisor de águas na minha vida. Decidi escrever um projeto usando meu conhecimento em educação para uma área nova que eu estava explorando. Criei algo que pudesse gerar um retorno financeiro e também me permitir acessar as terapias que eu queria muito aprender. Foi assim que desenvolvi o primeiro curso de Naturopatia de nível médio do Estado de Santa Catarina, dentro de uma escola no centro da cidade. Fiz uma proposta ao diretor para usar uma sala de aula, com a chancela da escola, porque eu vinha de um meio tradicional e queria atuar de forma formalizada.
Comecei com uma sala e 20 alunos, mas em seis meses já não era mais viável manter aquele modelo. A necessidade de estrutura me levou a abrir o CNPJ e a organizar o negócio, e o instituto nasceu. Meu objetivo era claro: oferecer conhecimento em Terapias Integrativas de forma que, em um ano, o aluno pudesse abrir seu consultório.
Formamos mais de 8.000 pessoas ao longo de 23 anos.
Eu ensinava que o foco não era apenas fazer terapia, mas entender que era um negócio. Trabalhei muito para trazer informações sobre empreendedorismo, posicionamento e estratégias para os meus alunos. Porém, chegou um momento em que percebi que terapia, sozinha, era difícil de vender. Identifiquei que, muitas vezes, o problema não era físico, mas relacionado a dinheiro, gestão, liderança ou relacionamento. Com as ferramentas que aprendi, comecei a trabalhar com esses temas de forma mais estratégica.
Foi aí que surgiu uma nova Simone. Mantive o instituto, mas também comecei uma trajetória independente, focando em palestras e gestão de pessoas e processos. Nunca perdi o lado integrativo, sempre trazendo esse olhar humano e holístico para as empresas.
Minha experiência com Tony Robbins foi transformadora. Ele falava de conceitos que eu já conhecia, como chakras, mas para 15.000 pessoas. Percebi que era possível traduzir esse conhecimento para uma linguagem prática e empresarial. Adaptei os conceitos para algo metafórico, incorporando PNL e abordagens voltadas à melhoria de crenças e processos. Isso ajudou a transformar líderes e organizações de forma significativa.
No final das contas, o que as empresas querem é resultado. Trabalhei para trazer crescimento financeiro, alinhado a processos de transformação pessoal e coletiva. Esse foi o caminho que trilhei, sempre unindo conhecimento técnico e visão empreendedora.
A tecnologia, especialmente a inteligência artificial, tem revolucionado diversos setores, trazendo desafios e oportunidades inéditas. Como você enxerga o impacto dessas transformações tecnológicas nas atividades de marketing, mentoria e coaching? E quais mudanças ou adaptações considera essenciais para continuar gerando resultados relevantes para seus clientes?
Eu penso que, desde o período da COVID-19, passamos por uma divisão muito grande, especialmente porque, antes disso, não entendíamos plenamente o que era liderança e como fazer uma gestão à distância. Tínhamos uma abordagem muito pautada no microgerenciamento.
Vejo a tecnologia como um forte aliado, e essa é uma discussão que tenho levado a algumas universidades. Por exemplo, imagine se, tempos atrás, um aluno que não gostasse de ler Machado de Assis pudesse ter acesso ao conteúdo de uma forma diferente de aprendizado. Talvez ele escrevesse melhor.
Penso que, para o marketing e para a gestão, o grande desafio agora é humanizar. A questão não é substituir, mas integrar e humanizar, porque a tecnologia já faz parte da nossa realidade. Não temos mais como fugir disso; está no celular, em todas as plataformas. Eu também utilizo essas ferramentas.
O ponto é: como posso usar minha essência e fazer com que isso seja utilizado a favor da humanidade? Esse, acredito, é o grande desafio de hoje. A tecnologia é, sem dúvida, útil. Contudo, de nada adianta ter um aplicativo poderoso se não contamos com mão de obra qualificada para programá-lo. Seria como ter uma Ferrari sem saber pilotá-la. Por isso, é fundamental treinar e capacitar as pessoas. É nesse aspecto que o coaching e a PNL têm um papel importante, contribuindo para a visão, o treinamento e o reposicionamento das pessoas dentro das empresas para que saibam utilizar essas ferramentas de maneira efetiva.
Você demonstra grande força e coragem quando posta aquelas mensagens como cases antes e depois em sua trajetória, inclusive sobre a questão de como enfrentou a condição de peso. Isto me desperta curiosidade. Qual é o seu objetivo com aquelas postagens? E como você enfrentou isso e se tornou seu próprio case de sucesso?
Faz sentido. Isso passa pela minha forma de abordar, que é também o foco da minha palestra central, tanto no Brasil quanto fora, sobre o poder da decisão. Quando falo sobre isso, de forma quase subliminar, estou transmitindo a ideia de que se eu posso, você também pode. Se eu consegui, você consegue. Não é o ego falando, mas a alma dizendo: “Você está pronto, você pode.” O coaching, a PNL, as terapias, toda essa linha de construção me trouxe até aqui e me fez mudar muito como ser humano.
Por exemplo, quando cheguei a 190 kg, eu não me via obesa. Não tinha uma percepção real de mim mesma. Eu dizia: “Eu tenho um marido bonito, uma casa, faço dinheiro, viajo, dou palestras, dou cursos. Qual o seu resultado para falar sobre isso?” Eu acreditava que, por ter essas conquistas, minha situação estava resolvida. Isso foi detectado em um teste que fiz na Itália, onde fui diagnosticada com um quadro de toxicidade. Minha alta autoestima estava tão elevada que me sabotava. Foi a primeira vez que ouvi falar sobre isso, e mesmo já estando em um outro processo, aquilo me fez entender o que estava acontecendo.
Foi ali que caiu a ficha sobre meu comportamento passado. Eu não me importava com o que os outros pensavam. Sabia que trabalhava, tinha uma empresa, fazia dinheiro, tinha um marido, fazia o que queria. Eu tinha respostas para tudo. Até que, finalmente, tomei a decisão de mudar. Foi quando entrei para o coaching. Eu estava com uma dor muito grande, pois não conseguia entender que, por trás da obesidade, havia uma tentativa de suicídio, uma tentativa de morte. Isso foi revelado nas constelações, onde percebi que estava lidando com uma perda desde a minha adolescência, o que me impedia de enxergar além.
O coaching e as constelações me ajudaram a entender que havia um caminho a ser seguido. Se isso estava funcionando para outras pessoas, também deveria funcionar para mim. Queria encontrar soluções para mim, porque, se não funcionasse para mim, eu não poderia ensinar aos outros. Então, comecei a buscar um entendimento mais profundo. O que eu já sabia precisava ser complementado com um mergulho mais profundo.
O processo terapêutico tem suas camadas, mas o coaching gera ação. A terapia sistêmica vai mais fundo, e a terapia germânica vai ainda mais profundo, trabalhando questões que não conseguimos enxergar. Fui em busca desse conhecimento. Hoje, quando um cliente chega com uma dor, antes de propor qualquer ação prática de negócio, eu preciso entender quem ele é, sua essência, antes de trabalhar o lado empresarial.
Recentemente, atendi uma atleta que me disse: “Simone, agora que estou amando, consigo olhar para a minha empresa.” Ela percebeu que sua maior dor não estava no negócio, mas em se ver como mulher e superar suas relações de dor e abuso. Após trabalharmos essa parte, ela começou a focar na empresa, e hoje está pronta para alcançar seus objetivos.
Minha jornada não é sobre um conto poético da “Jornada do Herói.” Passei por ela de verdade. Tive mentores difíceis que me fizeram sentir menor quando deveriam ter me apoiado, mas mesmo assim eu segui. Sabia onde queria chegar, com ou sem ajuda. O que importa para mim não é construir um império de 200.000 pessoas, mas impactar a vida de 1, 2, 3 ou 10, não importa. Não posso separar isso. Quando compartilho minha história, acredito de verdade que ela pode impactar outras pessoas. Se você não contar sua história, alguém vai contar uma versão distorcida e impactar muito mais.
Diante de sua ampla experiência na área de Desenvolvimento Humano, qual seria sua mensagem final para esta entrevista, visando contribuir com alguém que considera esta opção de carreira ou está iniciando nesta área?
Invista em você. Você é o seu primeiro caso de sucesso. Eu sempre digo: se eu não tivesse passado pelas minhas transformações, talvez não estivesse fazendo o que faço hoje. Por isso, o primeiro passo é você, o segundo é você, e o terceiro também é você.
Qualificação, investimento em cursos e muita prática, sem medo de praticar. E você pode se perguntar: “Mas e o dinheiro?” O dinheiro vem como consequência do que você faz. Isso não é poético nem zen, é algo real, baseado em experiência. Mas, primeiro, você precisa ser. Se você não for, o próximo passo não vai existir.
Quer começar? Comece por você. Não tem como mudar o mundo se não mudar o seu próprio mundo. Seja o seu grande caso de sucesso. Seja o exemplo de que funciona, mesmo quando todos dizem que está banalizado e que não funciona. Se isso não funcionou para você, sinto muito. Talvez você tenha se cercado de pessoas despreparadas ou buscado em escolas e informações que não eram boas. Tive a oportunidade de estar com os melhores, e posso afirmar que funciona, porque me tirou de vários momentos difíceis e tem ajudado muitas pessoas. Invista nos lugares certos, mas, acima de tudo, invista em você. Eu nunca tive medo de investir em mim mesma.
Lições de carreira
A trajetória de Simone Bernardino nos inspira a refletir sobre a importância de uma visão holística no desenvolvimento humano e empresarial. Sua capacidade de integrar conhecimentos diversificados, aliada à coragem para superar desafios pessoais, oferece um exemplo poderoso de liderança com propósito. Em um mercado em constante transformação, ela nos lembra que a inovação não está apenas nas ferramentas tecnológicas, mas também na forma como cuidamos de pessoas e negócios.
Essa entrevista reforça a relevância de buscar equilíbrio entre conhecimento técnico e habilidades humanas. Certamente, suas reflexões deixarão muitos leitores motivados a ponderar sobre suas jornadas profissionais.
Grato pela leitura. Nos encontramos no próximo artigo!
Abraço, Jonny