Quando a moral e os costumes são relativizados, quando a inversão de valores permeia as instituições do Estado, quando assaltar para roubar um celular traz o benefício de tomar uma cervejinha, quando o Estado modifica e flexibiliza leis no sentido de beneficiar a quem as agride, quando a morte, por violência, é relativizada é possível concluir que se vive em um país em que a lei é nada mais que um pano de fundo para justificar as exigências de estruturas físicas e de pessoas.
O fato ocorrido em São Paulo é um exemplo didático de como está a situação em “Terra Brasilis”. A vereadora Amanda Vettorazzo apresentou projeto de lei na Câmara Municipal de São Paulo tendo como objetivo impedir a contratação, pela prefeitura, de cantores que façam em suas apresentações apologia ao crime organizado ou tráfico de drogas.
Foi o suficiente para o mundo desabar em sua cabeça e as ameaças proliferarem nas mídias sociais. A lei rotulada como “Anti – Oruam” mexeu com os fãs do “rapper” e levaram a vereadora a solicitar escolta armada da Guarda Municipal de São Paulo.
Estimulados pelo “rapper” que postou a seguinte mensagem: “Tropa do 22 – vamos dar fama pra ela!”’, seus fãs invadiram os espaços da vereadora com ameaças , inclusive de estupro, o que a obrigou a registrar Boletim de Ocorrência e solicitar segurança da Câmara. Só lembrando que Oruam é filho de Marcinho VP um dos líderes do Comando Vermelho.
Em “Terra Brasilis” o que mais prolifera são as decisões que beneficiam os marginais em detrimento dos cidadãos comuns. As decisões tomadas em instâncias iniciais nos processos judiciais são, normalmente, revisadas pela Corte Suprema, pelos mais simplórios motivos. O maior exemplo foi o que aconteceu com nosso atual presidente; condenado de forma unânime em três instâncias teve seu processo impedido de prosseguir porque o STF entendeu que Curitiba não era o foro adequado para seu julgamento. Bom lembrar que hoje não existe mais nenhum condenado pela Lava-Jato preso; todos estão livres e a postos para ocuparem lugares de destaque na política e na área empresarial.
Outro caso que explica as firulas da justiça em “Terra Brasilis” é a devolução do helicóptero de André do Rap. Em operação policial que prendeu André do Rap a polícia apreendeu junto o helicóptero e outros bens pertencentes a “laranjas.” A 6ª turma do STJ entendeu que a apreensão dos bens foi ilegal por não constar especificamente na ordem judicial e mandou devolver aos marginais o que a eles pertencia. O helicóptero, de mais de 7 milhões de reais e que estava sendo utilizado para o transporte órgãos,, foi devolvido.
No livro, Não Verás País Nenhum, escrito em 1981, Ignácio de Loyola Brandão já nos alertava sobre o isolamento das pessoas de bem em condomínios e espaços fechados e que a vida seria difícil fora destes ambientes.
A premonição do autor mostrou-se, absolutamente, verdadeira!
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