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Coluna Inovação | Uma provocação do Startup Summit: “SC tem que se tornar uma Califórnia para o Brasil”
19 de Julho de 2018

Coluna Inovação | Uma provocação do Startup Summit: “SC tem que se tornar uma Califórnia para o Brasil”

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Por Fabricio Umpierres Rodrigues 19 de Julho de 2018 | Atualizado 19 de Julho de 2018

A palavra “ecossistema” já tinha se repetido à exaustão por palestrantes, debatadores e participantes do Startup Summit, que encerrou na última sexta (13.07) em Florianópolis quando, em um dos últimos e mais prestigiados painéis do evento, o diretor executivo da Fundação Certi José Eduardo Fiates resolveu explicar, usando como alegorias bolas de futebol e quebras-cabeça, o que de fato era esse tal “ecossistema de inovação”.

Em síntese: o ecossistema, no mercado de inovação, repete a lógica do meio-ambiente. Reúne a população em comunidades que buscam recursos para viver e trabalhar de acordo com desafios e oportunidades oferecidas por fatores locais e também externos. A população, no caso, são os empreendedores. A comunidade é o entorno: entidades associativas, universidades, governo e empresas de grande porte. Os recursos são dinheiro, clientes, fontes de informação e captação de pessoas para trabalhar. Os fatores locais envolvem a qualidade de vida naquele local, a regulamentação e a cultura para fomentar (ou ao menos não atrapalhar o empreendedorismo). Os fatores externos são aqueles que extrapolam a competência ou a capacidade de resolução por parte daquele local/município (questões e legislações estaduais, federais etc).

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Se contarmos a história desde a década de 1980, com a criação dos primeiros ambientes que uniram o setor (fundações, associações e empresas que hoje são referência nas cidades polo), percebemos que nesse exato momento, julho de 2018, Santa Catarina vive um momento de empolgação e efervescência em seu ecossistema de inovação. Particularmente, vejo que a fase de “síndrome de vira-lata”, o senso comum de que aqui no estado se produz muita coisa relevante mas que não há reconhecimento nacional, começa lentamente a passar. Ainda há muito do que é feito aqui para ser visto por gente de fora(empreendedores, investidores, profissionais, pesquisadores), mas eventos como o Startup Summit e a adição de novas peças ao quebra-cabeças local (startups, aceleradoras, fundos de capital de risco) começam a colocar mais luz no ambiente de inovação em Santa Catarina.

Mais do que uma série de “vales de alguma coisa”

É claro que a ideia de cada região construir seu “vale de alguma coisa” é tentadora e chama a atenção, ajuda a engajar as comunidades e estimular novos projetos. Mas é preciso pensar na relevância do conjunto. Aqui em Santa Catarina há uma série de ideias interessantes com essa pegada, do Desbravalley (Oeste) ao Middle Valley (projeto em São José), passando pelo Join.valley (Joinville) e o Vale do Carbono (Criciúma). É muito mais difícil qualquer uma dessas regiões – inclusive a “Ilha do Silício”, como Florianópolis tem sido chamada nos meios empreendedores – se tornar uma referência de inovação e TI fora de suas fronteiras sem que haja uma conexão que os fortaleça. O Vale do Silício, é bom lembrar, reúne cerca de uma dúzia de cidades ao longo de 100 km – quase a metade da distância entre Florianópolis e Joinville – no norte da Califórnia.

A Rede de Investidores Anjo, que se concentra na Capital, por exemplo, busca gente em todas as regiões do estado que esteja interessada em botar grana em startups, em qualquer cidade que elas surjam. A mesma metodologia implementada no Centro de Inovação de Lages vai ser seguida em Jaraguá do Sul e nas 11 outras cidades onde o projeto está em construção. Os Startup Weekends de Norte, Sul a Oeste do estado ajudaram, de uma mesma maneira, a estimular novas comunidades empreendedoras, assim como os Meetups e o programa StartupSC. E assim vai.

Logo depois de explicar para boa parte dos 2,3 mil presentes no Startup Summit o que era o ecossistema local, Fiates deixou uma provocação: “Santa Catarina tem que se tornar a Califórnia para o Brasil”. E desenvolver também o que a Califa tem de melhor, além das empresas de tecnologia, é fundamental para o ambiente de negócios: qualidade de vida, turismo, praia, agitação cultural. Que o digam os milhares de forasteiros – ou haoles, no manezês – que vieram de grandes cidades para cá e trouxeram suas empresas ou se transferiram junto com elas. Ainda estamos longe, bem longe de um cenário ideal – seja pelas carências de nossas cidades e o estado moral lastimável da política nacional – mas há muita gente se movimentando e construindo a história desse tal ecossistema de inovação.

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