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Um dos indicadores de evolução de um ecossistema é, sem dúvida, o potencial de suas startups para atrair capital de risco para desenvolvimento de novas tecnologias e serviços. Mas não é só o dinheiro: a atuação e o envolvimento de investidores-anjo e fundos de venture capital para “irrigar” esse solo empreendedor caminha na mesma direção.
As respostas apontam que a tendência é cada vez mais vermos no estado a “valorização da base” – ou seja, recursos para o desenvolvimento inicial de startups e a ampliação do número de investidores-anjo – do que uma “corrida de unicórnios” e aportes na ordem de nove dígitos.
“Os fundos de venture capital estão se concentrando em aportes cada vez maiores na medida em que vão surgindo novos players, como fundos de seed e investidores-anjo, que atuam em aportes menores”, diz empreendedor, mentor e investidor Rafael Assunção, que criou no ano passado a Questum, com foco em consultoria de fusões e aquisições (M&A) para startups.
Para Rodrigo Ventura, fundador da Escola do Financeiro – voltada à capacitação de empreendedores – 2020 será o ano das séries A e dos investidores-anjo. “Temos um estoque muito grande de empresas que captaram rodadas semente (seed money) nos últimos anos que ainda não captaram sua Série A. O amadurecimento dessas empresas, a recuperação econômica do país e o aumento de recursos para venture capital podem ajudar a vermos muito mais rodadas neste estágio. Quanto aos anjos, vi muitas iniciativas de capacitação em 2019. O interesse pelo tema está aumentando, enquanto os juros básicos estão diminuindo”, ressalta.
Fundador de um dos primeiros grupos de angels em Santa Catarina, há mais de 10 anos, e líder da Rede de Investidores Anjo de Santa Catarina (RIA SC), Marcelo Cazado ressalta que “numa economia como a brasileira, em que historicamente se ganha dinheiro sem correr risco em função das altas taxas de juros, ter pessoas interessadas em atuar como investidores-anjo é extremamente positivo. Programas de capacitação, compartilhamento de cases de sucesso de investimentos, e o entendimento de empreendedores e investidores do valor real (aporte intelectual) deste tipo de investimento é essencial para um ecossistema vigoroso”. Em 2019, a Rede de Investidores Anjo de Santa Catarina aportou R$ 4,2 milhões em cinco startups, das quais quatro catarinenses e uma paulista.
Ano começa com novos investimentos
O mês de fevereiro começou quente quando o assunto é capital de risco e investimentos em empresas inovadoras. É o caso da Involves – desenvolvedora de software para gestão de trade marketing – que anunciou a captação da primeira rodada de investimento externo, num total de R$ 23,5 milhões, com recursos do fundo Bridge One Investimentos, com sede em São Paulo. Os recursos serão utilizados para reforçar a estratégia de internacionalização da empresa – especialmente nos mercados de México e Colômbia
E nesta semana pré-Carnaval, a também manezinha KM Online – que desenvolve software para reembolso de despesas e quilometragem via aplicativo – recebeu um aporte de R$ 4,2 milhões da XMS Partners Soluções Financeiras e Investimentos, de Blumenau, para financiar o plano estratégico de inovação e crescimento dos próximos dois anos. A operação diversifica o portfólio da XMS, que tem histórico em investimentos nos setores energético e imobiliário.
Fundada no final de 2017, a startup pretende, no curto prazo, aplicar os recursos no aprimoramento da plataforma tecnológica, novas funcionalidades e expansão da equipe comercial, o objetivo é triplicar o faturamento (não divulgado) em 2020 e repetir o feito no ano seguinte. Entre 2018 e 2019, as receitas cresceram 300% e a equipe passou de 12 para 25 pessoas. Atualmente são mais de 100 clientes na carteira.
E ainda há quem acredite que o ano só começa depois do Carnaval…