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Coluna Inovação | Lições do Startup Summit: a importância da via de mão de dupla entre grandes empresas e startups
22 de Agosto de 2019

Coluna Inovação | Lições do Startup Summit: a importância da via de mão de dupla entre grandes empresas e startups

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Por Fabricio Umpierres Rodrigues 22 de Agosto de 2019 | Atualizado 22 de Agosto de 2019

Foto: Jailson de Sá

“Empresa X busca startups”

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Você provavelmente já leu um título como esse em algum portais de notícia ou nas redes sociais. Talvez mais de uma vez.

Bancos, construtoras, imobiliárias, hospitais e até mesmo empresas de tecnologia tem lançado mão de programas de conexão com startups e jovens empreendedores para buscar respostas e novas soluções para mercados “sob disrupção”. Mas como fazer isso dar certo?

Na última semana, cerca de 4 mil pessoas ocuparam os corredores e salas do Centro de Convenções de Canasvieiras para acompanhar os dois dias do Startup Summit, um dos principais eventos de empreendedorismo e tecnologia do Brasil, que recebeu pelo menos 40% desse público (mais de 1,5 mil pessoas) de fora do estado. 

Havia público e palestrantes para todos os gostos e temas, desde construção de produto e marketing, desenvolvimento de equipes, até ecossistemas de tecnologia no Brasil e no mundo. Um pouco menos midiáticos, mas não menos importantes, foram os debates voltados ao público corporativo, as grandes empresas que buscam seu espaço no ambiente de inovação e uma fórmula, um caminho, para dialogarem com startups. 

Entre os exemplos que foram apresentados durante painéis no Startup Summit estão o da Flex, empresa criada há 10 anos em Florianópolis com foco no mercado de contact center e que se transformou em uma desenvolvedora de soluções para relacionamento com clientes (SAC, pesquisas, fidelização etc.). Como lembrou o CEO Topazio Silveira Neto, a Flex criou inicialmente um centro de inovação e pesquisa independente, no CIA Acate, em 2016. Logo depois, entrou no programa de inovação aberta que estava sendo criado pela Associação Catarinense de Tecnologia (Acate), o LinkLab, que serviu como uma primeira experiência de seleção de startups, relacionamento e desenvolvimento de novos produtos em conjunto. 

A ideia era focar apenas em novos negócios que ajudassem no relacionamento de empresas com os clientes. Em 2018, a empresa adquiriu uma startup especializada em bots (robôs) cognitivos, a Iopeople e, neste ano, investiu na Beon (que faz análise virtual de marketing para marcas) para o atendimento a operações de e-commerce. “as startups hoje tem uma carência muito grande de tecnologias para engajar seus clientes e isso nós, que temos mais de 150 clientes de grande porte, provemos isso”, explica Topázio, sobre a maneira como a “via de mão dupla” entre corporações e startups pode funcionar. 

Uma via que a Brognoli Imóveis começou a traçar há cerca de três anos, também por meio da participação no Link Lab, como lembra o CEO Eduardo Barbosa: “éramos uma empresa imobiliária comum, hoje somos voltados para construção de tecnologias para o setor. Mas no começo, não sabíamos de onde partir”, ressaltou, durante painel no primeiro dia do Summit.  Ao longo de dois anos e meio, a empresa se colocou como um laboratório de inovação para cerca de 30 projetos de novos negócios, dos quais 15 hoje são startups se consolidando no mercado. “O primeiro caminho foi levar a empresa, os diretores e alguns colaboradores para o LinkLab, para fazermos uma mudança na cultura. Depois é o relacionamento, a seleção de startup. Hoje temos vários produtos novos que são fruto desse trabalho em conjunto. As startups querem um canal para validar seus protótipos e as corporações precisam de uma visão de fora para inovar e pensar diferente”, resume.

A Softplan, uma das maiores empresas de software de gestão do sul do país, começou a olhar para inovação aberta e novos negócios a partir do planejamento estratégico desenhado no período 2015-2016. Até então, era uma companhia de grande porte, com foco em três mercados (gestão pública, judiciário e construção civil) mas sem histórico/conexão com o cenário de startups que surgiam em Santa Catarina. 

“Começamos a rever nosso modelo de inovação, aquele da área de Pesquisa e Desenvolvimento isolada, para estimular a criar uma nova empresa, que nos permita passar por transformações”, explicou Guilherme Tossulino, diretor de Novos Negócios. A solução passou pela construção de um venture builder, modelo de desenvolvimento interno de novas soluções, pelo investimento em startups (como fizeram com a consultoria de serviços para o setor público WeGov e a 1Doc, plataforma para digitalização de documentos nas prefeituras) e, mais recentemente, uma área de fusões e aquisições (M&A) para ampliação de portfólio. 

E como encontrar bons futuros negócios? 

Como ressalta Topázio, “o que conta é o empreendedor, ele tem que ser focado, obstinado e ter habilidade de venda. Uma bela ideia na mão de um empreendedor ruim não vale. Não adianta saber apenas construir um produto bom se não conseguir alguém que pague por isso. Mas a vinda de novos profissionais, empolgados com uma ideia inovadora, empolga os profissionais que estão há mais tempo na casa”.  

“Encontrar o caminho, o equilíbrio, no desenvolvimento de novos negócios é fundamental. A corporação não pode exigir resultados de uma startup da mesma forma como ela exige de seus departamentos internos, o timing é outro. E ambos os lados podem acabar desistindo”, complementa Guilherme.    

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