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Coluna Fabrício Wolff | O Brasil parou. de novo
19 de Maio de 2017

Coluna Fabrício Wolff | O Brasil parou. de novo

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Por Fabrício Wolff 19 de Maio de 2017 | Atualizado 19 de Maio de 2017

O Brasil parou de novo. Não é carnaval, não é final de ano, nem mesmo a Copa do Mundo. Mais uma vez o Brasil para por causa das denúncias de corrupção. Todos nós acompanhamos o dia T, ontem. O dia em que as denúncias contra o presidente Temer vieram à tona, o senador Aécio caiu do Senado, a irmã dele foi presa e os brasileiros e brasileiras conheceram melhor um tal de Joesley Batista Fernandes, megaempresário da JBF e delator convicto (a ponto de ir com equipamento de gravação para “pegar” o presidente Temer). Mas o que a comunicação tem a ver com isso?  Tudo.

Se olharmos bem os fatos e as gravações, especialmente a que pretende derrubar mais um presidente da República, vamos observar que Temer não disse nada fora do comum, nada relevante. Mas concordou monossilabicamente com o falatório provocado por JBF do que especificamente falou. A única expressão que o “condena” na tal gravação foi “Tem que continuar com isso aí”, ao responder ao empresário que contava como mantinha Cunha “feliz” na cadeia (com propina, claro). O que alguns chamam de “prova”, mais me parece uma conversa forçada para arrancar qualquer confissão que emparedasse o atual presidente.

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Todos nós sabemos que não existem anjinhos em Brasília. Não importa se você olha para a direita, para a esquerda, para o centro… para frente ou para trás. O sistema político brasileiro estava corrompido desde sempre e o jeito de fazer política era assim. Imensa maioria dos que estão lá, especialmente os que estão lá há mais tempo em cargos maiores, passaram por debaixo da ponte (da corrupção). E isto está errado. É preciso mudar. Então sabemos que o próprio Temer, que freqüenta o poder faz tempo, também não passa incólume. Mas não foi esta gravação supervalorizada na mídia que prova nada. Bem fraquinha, por sinal. Aécio, por sua vez, falou pelos cotovelos. E já dançou.

Porém, ainda que a gravação não prove, ainda que Temer não admita, ainda que resista a deixar o cargo, é inegável que há uma movimentação forte para que ele não permaneça no cargo. E aí é que entra a comunicação. Ontem, no Jornal Nacional da poderosa Rede Globo, o telejornal mais aclamado do país, ao noticiar que o presidente disse que não renunciará, seguiu-se reportagem de mais de 5 minutos sobre os procedimentos para afastamento de um presidente. Na cabeça do telespectador fica a nítida impressão de que já está caindo.

Em todos os noticiários a denúncia, mesmo sem os áudios, mesmo mal explicada em um primeiro momento, causou taquicardia econômica e parada respiratória política. Nas redes sociais o tema foi ampliado. O conhecido blogueiro Ricardo Noblat deu a renúncia como certa. Chegou a dizer que Michel Temer faria o anúncio no início da noite. O resultado disso é óbvio: no Congresso Nacional, assustados partidos políticos da base do governo deixando o barco e o apoio à permanência de Temer na presidência se fragilizando como resultado do boom da comunicação. 

Por mais que Temer não seja santo (longe disso, pois Brasília pode ser excomungada do mapa celestial de pronto), a pintura feita é de que o peemedebista é o demônio em pessoa – mais vermelho do que demônios recentemente expurgados do mesmo Palácio do Planalto. Não se trata de considerar Temer inocente. Nem de julgá-lo. Mas serve para observar como as coisas funcionam no dia a dia da política (e da comunicação) nacional. É a comunicação mostrando, mais uma vez, sua importância no cotidiano social.

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